A Editora Abril demitiu cerca de 800 trabalhadores e trabalhadoras em 6 de agosto e não pagou as verbas rescisórias nem a multa de 40% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), empurrando o pagamento junto com a dívida arrolada no pedido de recuperação judicial da empresa.
Com a gravidade do quadro, todas as categorias atingidas – jornalistas, gráficos, administrativos e distribuidores – estão unidas e mobilizadas, lutando com apoio de seus sindicatos, para que a Abril pague o que deve o mais rápido possível, sobretudo depois dos anos de dedicação dos profissionais à editora.
Por isso, em assembleia neste 5 de setembro, na sede do Sindicato dos Jornalistas, todos as categorias demitidas e também os freelancer decidiram realizar um ato público, junto com suas famílias, nesta sexta-feira, dia 14 de setembro, às 12h, em frente à gráfica da Abril, na Marginal Tietê.
Para chamar para o protesto, os comitês dos trabalhadores demitidos fizeram a convocatória abaixo. Confira a íntegra:
“É fundamental a presença neste ato que demonstra a nossa repulsa e indignação diante da dispensa em massa, no dia 6 de agosto, de 800 empregados que ajudaram a construir a história do Grupo Abril. Jornalistas, gráficos, funcionários da distribuição e do administrativo, além de freelas: precisamos comparecer e mostrar força!
Até o presente momento, a empresa não cumpriu sua obrigação. Negou-se a pagar TODAS as verbas rescisórias (incluindo a multa de 40% sobre o FGTS) e mais uma multa (referente ao artigo 477 da CLT) por não ter quitado, em dez dias, sua dívida com os empregados demitidos. Conseguiu esse feito com ajuda da Justiça: no dia 16 de agosto, o juiz atendeu o pedido do Grupo Abril, que entrou em Recuperação Judicial (RJ). Dessa maneira, nós, que tínhamos o salário como única fonte de sustento, fomos jogados em uma interminável lista de credores a quem o Grupo Abril deve 1,6 bilhão de reais. Credores são os bancos, os grandes fornecedores de papel, as empresas estrangeiras com quem a Abril mantém negócios. Nós somos trabalhadores! Muitos, entre os demitidos, já estão sem dinheiro para comprar comida, pagar a escola dos filhos, o transporte, as prestações, os remédios…
Aos seus empregados, a Abril reservou o calote. Nossa parte (incluindo a dos freelas) corresponde a cerca de 8% da dívida total. Isso, a Família Civita, principal acionista do grupo, poderia pagar com recursos próprios. Os três herdeiros que chefiam o clã são donos de um patrimônio mundialmente reconhecido. A Exame repercutiu, poucos anos atrás, a lista das maiores fortunas do Brasil, publicada pela Forbes. Os bens pessoais dos três irmãos Civita estavam na casa dos R$ 10 bilhões (em valores de hoje).
Com 110 milhões de reais eles cumpririam a obrigação de pagar os homens e as mulheres que, dia e noite, incansavelmente, trabalharam para que a Abril se tornasse a maior editora de revistas da América Latina – e eles mantivessem o conforto de que dispõem hoje.
É preciso fazer o Grupo Abril assumir a responsabilidade com aqueles que jogou no olho da rua. Vamos pressioná-lo com o comparecimento em massa! No ato, entregaremos uma CARTA ABERTA À FAMÍLIA CIVITA.
As famílias dos demitidos estarão na porta da Gráfica para entregar esse documento. Vamos demonstrar que estamos unidos e fortes, defendendo o que o nosso suor conquistou – e que agora nos querem roubar.
IMPORTANTE: Chame os freelas, os antigos funcionários, os aposentados e os que foram demitidos nos meses anteriores. Leve toda a sua família!
Data: 14/9 (sexta-feira)
Horário: 12h (na troca de turno dos gráficos)
Local: Gráfica – Avenida Otaviano Alves de Lima, 4400, Marginal do Tietê, perto da ponte da Freguesia do Ó.
#AbrilComFome
#FimDoCalote
# PagaCivita!”