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Empresários de comunicação apoiaram o golpe

Empresários de comunicação apoiaram o golpe


 

Jornalistas resistiram à ditadura

 

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O golpe civil militar efetuado no dia 31 de março de 1964 e que por mais de vinte anos infelicitou a vida dos brasileiros, foi um conluio de interesses dos empresários, militares, latifundiários e setores da igreja conservadora, todos eles orientados pelos agentes norte-americanos da CIA. Entre os principais apoiadores estavam os grandes proprietários dos meios de comunicação, exatamente os patrões a quem os jornalistas venderam sua força de trabalho. Alguns colegas aderiram ao discurso conservador golpista – e fizeram o papel de delatores, mas uma grande maioria posicionou-se contra o golpe que os militares, cinicamente, chamaram de “revolução”.

“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada, atendendo aos anseios nacionais de paz, tranquilidade e progresso. As Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal”. Este foi um trecho do editorial de O Globo do dia 2 de abril de 1964, que não deixava dúvidas de que lado o seu proprietário, Roberto Marinho e o seu principal veículo na época estavam.

Quem afrontou o poder dos generais, dos latifundiários e principalmente dos empresários (incluídos os de comunicação), quando sobreviveu para contar, apresentou uma dura (mas linda) história de resistência, muitas vezes estampada na própria pele, que deixou marcas sempre mais do que perceptíveis. Entre estes estiveram centenas de jornalistas. Vinte e cinco deles foram assassinados ou se tornaram desaparecidos políticos. Outros enfrentaram os terrores dos porões da ditadura e toda sorte de tortura.

Sindicato foi trincheira

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) teve papel preponderante na resistência aos militares golpistas. Foi uma importante trincheira na defesa da democracia. Historicamente, a categoria não lutou apenas por seus interesses de classe – que sempre defendeu com muito vigor, mas sempre esteve empenhada na defesa de temas fundamentais para todo o povo brasileiro como, por exemplo, a campanha “O petróleo é nosso” e “Diretas Já”.

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Macacão sem cinto

Mas foi com a prisão e assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) e a posição intransigente de seus diretores e da categoria – que não aceitavam a tese do suicídio, armada pelos militares como uma farsa -, que o Sindicato ganhou projeção nacional. Presidida na época por Audálio Dantas, a entidade acolheu reuniões de diversas entidades do movimento popular e sindical, que começavam a se reorganizar para resistir ao totalitarismo.

No dia 25 de outubro de 1975, Vladimir Herzog se apresentou na sede do Doi-Codi, na rua Tutóia, em São Paulo, já que na noite anterior havia sido procurado por agentes da repressão na redação da TV Cultura, onde era o diretor de jornalismo. Com eles havia se comprometido a se apresentar. Vlado já sabia que muitos jornalistas haviam sido presos e eram submetidos à tortura para confessar suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) ou outras organizações de esquerda. Na tarde do mesmo dia foi assassinado. A versão oficial é que havia se enforcado em uma grade de 1,5 metro (mais baixa que a altura do seu pescoço) com o cinto do macacão que usava na detenção. O detalhe é que o macacão não tinha cinto. A versão dos militares era tão vergonhosa que para cometer suicídio, o jornalista teve que se ajoelhar.

Em poucas horas, Vladimir Herzog foi interrogado, torturado e forçado a assinar uma confissão de que pertencia ao PCB. Morto, os agentes da repressão simularam o seu suicídio. Ele tinha 38 anos e deixou a esposa, Clarice, e os dois filhos: Ivo, de 9 anos e André, de 7.

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