Sem receber salários há mais de dois meses, jornalistas da Editora Três estão em greve há uma semana, ninguém do financeiro dá qualquer informação sobre pagamentos e diretor de redação busca freelas “voluntários” para furar a paralisação
Os jornalistas da Editora Três, que publica as revistas IstoÉ, IstoÉ Dinheiro e Motorshow, estão em greve desde o dia 06 de janeiro por conta dos salários atrasados há mais de dois meses. Até o momento, a empresa não apresenta satisfações aos seus funcionários sobre os pagamentos e o diretor de redação busca freelas “voluntários” para furar a paralisação.
“Os trabalhadores estão sofrendo todo tipo de humilhação com a falta de compromisso da editora: muitos convivem com o risco de despejo por falta de pagamento dos aluguéis, há quem sofra com o corte de energia e a maioria está com atrasos em boletos. Ou seja, os funcionários vivem uma situação de total miserabilidade, dependentes do cheque especial, empréstimos bancários ou pessoais para saldar as contas mensais”, afirma Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. “Muitos desses trabalhadores estão convivendo até mesmo com o risco da carência alimentar. Para se ter uma ideia, os funcionários da empresa não receberam sequer o salário de novembro. Sem dinheiro, esses trabalhadores passaram um Natal às minguas. Mais grave ainda é que essa crise atinge a saúde mental dos jornalistas” denuncia Tanji, que continua: “Ninguém consegue viver tranquilo numa situação dessas”.
A situação da Editora Três, que está em recuperação judicial, é mesmo catastrófica. Os funcionários da empresa cobram, além do pagamento imediato dos dois salários atrasados, a quitação de um acordo estabelecido em julho do ano passado não honrado, assim como o 13º salário de 2024 e metade da mesma gratificação de 2023. Diante de promessas não cumpridas, a Editora Três foi denunciada pelo SJSP à Justiça do Trabalho e à Vara de Falência e corre o risco de fechar as portas a qualquer momento, já que não tem assegurado o pagamento de salários e tributos, além da acumular problemas com fornecedores e ex-funcionários.
Vergonhosamente, a direção da empresa contrata freelas para fazer o trabalho da equipe em greve, mesmo sabendo que possivelmente não honrarão o pagamento desses serviços. Existem casos de jornalistas freelancer que aguardam o pagamento do mês de abril, maio e julho do ano passado. A prova concreta que a empresa mandou às favas a preocupação com as marcas da Editora e as condições degradantes de trabalho de seus funcionários é que a direção da empresa sequer abriu qualquer diálogo com o SJSP sobre a paralisação. E segue em silêncio.