Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Logo da Federação Internacional de Jornalistas
Logo da Central Única dos Trabalhadores
Logo da Federação Nacional de Jornalistas

Editora Três na UTI: fim das revistas impressas e jornalistas sem respostas

Redação - SJSP

Com salários atrasados há três meses, a empresa anunciou o fim da impressão das revistas ISTOÉ e ISTOÉ Dinheiro, migrando para a área digital suas publicações. Tal medida, entretanto, sequer foi comunicada aos jornalistas, que permanecem em uma greve que já dura mais de 20 dias, na luta para que os salários sejam pagos.

Em reunião com o Sindicato dos Jornalistas na última sexta-feira, 24, a empresa oficializou o anúncio encaminhado aos jornaleiros, em que comunicava o fim das impressões das revistas.

No encontro com o SJSP, a direção admitiu o momento crítico, resultante de um número ínfimo de anúncios, mesmo no mês de dezembro, tradicionalmente o melhor período para publicidade.

Ao que tudo indica, a Editora Três, fundada em 1972 por Domingo Alzugaray (1932-2017), caminha, aos poucos, para a inanição.

Pelos corredores do icônico prédio da Lapa de Baixo, zona oeste de São Paulo, que já empregou centenas de funcionários que editavam diversos títulos importantes como as revistas “Senhor”, “Planeta” e deu início à “Istoé” e à “Dinheiro”, hoje está habitada a praticamente meia dúzia de fura-greves.

Com cerca de 50 funcionários e pouco mais de duas dúzias de jornalistas (sendo que quase a totalidade desse contingente é de PJs sem nenhum tipo de contrato formal), sequer há um funcionário no RH da empresa – o ex-diretor de pessoal pediu demissão há uma semana. “A situação da editora é, sim, dramática”, afirma Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos jornalistas de São Paulo.

Sem receber salários há três meses nem tampouco outras obrigações trabalhistas como décimo terceiro salário ou o FGTS, os jornalistas da empresa estão há pouco mais de 20 dias em greve e a empresa não apresenta qualquer proposta para pôr fim à paralisação. “A miserabilidade dos funcionários é gritante. Há jornalistas que não têm mais condições de pagar seus aluguéis e os demais boletos, com dificuldades até mesmo nas compras básicas”, diz Tanji.

O cenário ainda é mais desolador porque a Editora está em sua segunda recuperação judicial e no ano passado teve que desfazer de todas as propriedades para amortizar os cerca de R$ 200 milhões de dívidas acumuladas. Em meio ao caos, a empresa diz não ter dinheiro para regularizar as dívidas trabalhistas, adotando o pagamento de metade dos salários, ou quinzenas, no estilo “surpresinha”. Ou seja, a empresa não anuncia a data dos depósitos bancários e fazem os créditos bancários sem comunicar os interessados. “Os trabalhadores estão sobrevivendo com metade dos ganhos mensais, Na prática, estão cortando o salário ao meio, e isso quando há os pagamentos”, diz Tanji.

Essa “gestão contábil criativa” está sendo interpelada pelo Sindicato na Justiça do Trabalho e na Vara de Falência, onde corre o processo de recuperação judicial da Editora.

Para complementar esse cenário bizarro, a Revista Istoé Dinheiro, que está com quase todos os jornalistas em greve, tem republicado reportagens que já saíram em anos anteriores na própria revista. Um cenário desolador.

veja também

relacionadas

mais lidas

Pular para o conteúdo