O crescente isolamento internacional de Israel e os sintomas de desagrado do governo dos EUA com seu aliado parecem haver refreado as ações das forças armadas israelenses (IDF), mas não evitaram um novo massacre de palestinos famintos no norte de Gaza no dia 14 de março. Pelo menos 20 palestinos foram assassinados e mais de 150 feridos depois que Israel disparou contra uma multidão de pessoas que esperavam por assistência humanitária, como já havia ocorrido no chamado “massacre da farinha”. Outro ataque das IDF a uma agência da UNRWA em Rafah, na véspera, matou cinco pessoas e feriu várias.
Os números do genocídio não param de crescer. Pelo menos 31.341 palestinos foram mortos e 73.134 feridos em bombardeios e outros ataques israelenses cometidos desde 7 de outubro, segundo dados divulgados pelo Ministério de Saúde de Gaza.
A crueldade de Israel e seu terrorismo de Estado manifestam-se de diferentes maneiras. Uma reportagem do jornal israelense Haaretz revelou que pelo menos 27 prisioneiros palestinos morreram em bases das IDF desde outubro de 2023. A morte de tantos palestinos sob custódia é alarmante, e sinaliza que a causa provável da maioria dos casos foi assassinato por meio de tortura — cometida por agentes de Israel que deveriam, ao contrário, ter resguardado a integridade física dos prisioneiros.
Pressionado por marchas e protestos em diversos pontos do país e do mundo, e colocado sob a ameaça de perder muitos votos nas próximas eleições graças à enorme insatisfação de grandes parcelas do eleitorado democrata frente à carnificina promovida por Israel com apoio dos EUA, o presidente Joe Biden se viu obrigado a tomar algumas providências humanitárias e assim tentar reduzir os danos políticos sofridos. Mas a aparente “esquizofrenia” de Biden ainda não produziu nenhuma mudança substancial seja no comportamento dos EUA, seja no de Israel.
“Hoje em dia, dos céus de Gaza caem bombas americanas e paletes de alimentos americanos, causando morte e vida ao mesmo tempo e ilustrando o esforço ilusório do Presidente Biden para encontrar equilíbrio numa guerra desequilibrada no Médio Oriente”, descreveu artigo do jornal New York Times. “A decisão do presidente de autorizar lançamentos aéreos e a construção de um porto temporário para entregar a ajuda humanitária desesperadamente necessária a Gaza destacou as tensões na sua política enquanto ele continua a apoiar o fornecimento de armamento dos EUA para a operação militar de Israel contra o Hamas sem condições”, dizem os autores, apontando as contradições e a hipocrisia da conduta da Casa Branca. “De certa forma, os Estados Unidos encontram-se em ambos os lados da guerra, armando os israelitas enquanto tentam cuidar dos feridos. […] Mas Biden continua a opor-se a cortar as munições ou aproveitá-las para influenciar os combates”.
Vinte e sete prisioneiros palestinos morreram sob custódia em bases militares de Israel, revela reportagem do Haaretz. O editorial que o jornal publicou sobre esse fato, intitulado “Não à Baía de Guantánamo israelense” e no qual adverte que “a indiferença de Israel relativamente ao destino dos habitantes de Gaza, na melhor das hipóteses, e o desejo de vingança contra eles, na pior, são terreno fértil para crimes de guerra”, está disponível aqui
Mais uma matança de palestinos que aguardavam por comida no norte de Gaza. O Ministério da Saúde de Gaza classificou o ataque como “um novo massacre premeditado”
Ataque de Israel a um centro de distribuição de alimentos da UNRWA, agência das Nações Unidas, matou cinco pessoas, segundo relato da Al Jazeera
O líder da maioria no Senado dos EUA, um judeu, diz que Netanyahu “perdeu o rumo”, e propõe eleições em Israel antes que o país se torne “um pária”. Matéria do The Guardian, disponível aqui
“Fornecendo bombas e alimentos, Biden se coloca no meio da guerra de Gaza”. A decisão do presidente norte-americano de “enviar ajuda por via aérea e marítima” levantou “questões desconfortáveis”, aponta arguto texto do New York Times. Confira aqui
“Grupos israelenses de direitos humanos acusam o país de não cumprir a decisão da CIJ sobre ajuda a Gaza”. Doze importantes organizações assinam carta aberta criticando a falta de acesso humanitário aos palestinos e, portanto, o descumprimento das decisões da Corte de Haia. Leia aqui a matéria do The Guardian
“Israel está matando palestinos de fome”. A declaração, disponível no Instagram, é de Jeffrey Sachs, diretor de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia (EUA)
Exército de Israel constrói estrada em torno de Gaza. Khaled Elgindy, pesquisador do Middle East Institute (EUA), acredita que a estrada está ligada a um projeto de longo prazo. “Parece que o Exército israelense permanecerá em Gaza indefinidamente”, declarou ele à BBC. “Ao dividir Gaza pela metade, Israel controlará não apenas quem entra e sai, mas também os movimentos dentro de Gaza. Isso inclui, muito possivelmente, impedir que 1,5 milhão de palestinos deslocados no Sul regressem a suas casas no Norte”
Manifestantes bloqueiam acesso à redação do New York Times e acusam funcionários de “cumplicidade no genocídio”. Os funcionários do New York Times foram impedidos de chegar a seus escritórios num edifício de Manhattan, como decorrência de um protesto contra a cobertura do jornal sobre o extermínio de palestinos em Gaza, considerada por eles enviesada em favor de Israel. Acesse aqui a matéria publicada no jornal Haaretz
Universidade Hebraica suspende professora Nadera Shalhoub-Kevorkian, crítica do sionismo. Repercutiu na mídia de Israel e de países árabes a decisão da Universidade Hebraica de Jerusalém de suspender de suas funções a respeitada acadêmica Nadera Shalhoub-Kevorkian, que se notabilizou por suas duras críticas ao sionismo e à política de Israel em Gaza. Nadera contestou a versão do governo israelense sobre a ação militar do Hamas em 7 de outubro. A professora, que distribuiu uma petição acusando Israel de genocídio em Gaza, foi convidada a renunciar a seu cargo, mas recusou, o que levou à sua suspensão pela universidade, relatou o Haaretz. “Apesar da atmosfera racista, hostil e incitante contra todas as vozes humanitárias e anti-guerra em Israel, a professora Nadera optou por manter as suas crenças e pagar o preço alto”, declarou em seu perfil no Instagram o grupo Standing Togheter, que se define como “um movimento popular judaico-árabe que luta pela paz, igualdade e justiça social em Israel/Palestina”. “Pode-se discordar dela, mas a sua suspensão é um ataque claro à liberdade de expressão e vozes dissidentes”.
“Rede Não Cala”, de professoras da USP, protesta contra genocídio, que já exterminou 9 mil mulheres e 13 mil crianças: “Não são números, são pessoas”
Reitoria da USP processa e ameaça expulsar 5 estudantes que protestaram contra genocídio em Gaza. Confira reportagem do Informativo Adusp Online
“A morte de mulheres palestinas e o silêncio das feministas e da academia”. Artigo da professora Francirosy Barbosa, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, publicado no Jornal da USP
Cineasta basca pede cessar-fogo e suspensão do comércio de armas com Israel. Ao receber o prêmio Gaudí da Academia de Cinema da Catalunha, a cineasta Estibaliz Urresola pediu “cessar-fogo imediato em Gaza” e suspensão do comércio de armas com Israel, e exclamou: “Viva o povo palestino livre!”. Confira na reportagem de El Diario
Manifestação exige cessar fogo em frente à embaixada dos EUA em Tel Aviv, confira aqui
Manifestação em Malmo (Suécia) contra o genocídio, disponível aqui
Judeus holandeses pró-Palestina protestam contra presidente de Israel. O presidente israelita, Isaac Herzog, participou da inauguração do Museu Nacional do Holocausto em Amsterdã (Holanda), em 10 de março, e sua presença provocou uma manifestação contra o genocídio em Gaza, relata a Al Jazeera. Assista também a este vídeo no Instagram