Sob o argumento de preservação do seu projeto empresarial, o Grupo RBS opta, sem qualquer desfaçatez, por desprezar o impacto social de suas iniciativas e mandar centenas de “colaboradores” para o olho da rua. Ao que tudo indica, o Grupo caminha aceleradamente para o sonho que alimenta há tempos: fazer “jornalismo” sem jornalistas e, de quebra, distanciar-se de sua atividade-fim, fechando jornais e ampliando seu “vínculo” com o leitor por meio da venda de vinho e cerveja pela internet.
O comunicado do diretor presidente do Grupo RBS aos funcionários soa como um deboche. Ao enfatizar que a RBS não passa por uma crise financeira, ele afirma que as 130 demissões são necessárias para buscar maior produtividade e eficiência, “principalmente na operação de jornais”. Para bom entendedor, significa ampliar o lucro com a redução de pessoal e sobrecarga de trabalho aos que permanecerem no quadro de funcionários.
Destaque-se que em nenhum momento o Grupo RBS procurou as entidades representativas dos trabalhadores para discutir alternativas que evitassem os cortes de pessoal.
Os quatro Sindicatos de Jornalistas do sul do país estão, neste momento, em negociação salarial com as empresas do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Nos três estados, o comportamento patronal tem sido semelhante, marcado pela intransigência, pelo desrespeito e pela desvalorização do trabalho dos jornalistas. Os patrões espalham o terror, com ameaças e efetivação de cortes como esses ocorridos no Grupo RBS, buscando desmobilizar a categoria e obrigá-la a se sujeitar a salários e condições de trabalho aviltantes.
Em repúdio e protesto especialmente contra a demissão em massa anunciada nesta segunda-feira pelo Grupo RBS, os quatro Sindicatos do sul, sob a liderança da FENAJ, já organizam um grande ato unitário para as próximas semanas, reunindo as entidades e jornalistas de toda a região.
A FENAJ, o SINDJRS e o SJSC também já buscam, na Justiça, reverter as demissões imotivadas, garantir os direitos dos trabalhadores, além de outras medidas contra a política de terror que se instaurou no Grupo RBS, principalmente nos últimos meses.
Brasília, 8 agosto de 2014.