Repórter fotográfico há 20 anos, José Francisco Pimenta foi impedido fisicamente, por fiscais e seguranças da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de entrar no estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, para cumprir sua pauta e registrar a partida da série B entre Botafogo e Confiança na última terça-feira, dia 11, mesmo portando a credencial profissional exigida da Associação dos Repórteres Fotográficos (Arfoc). A alegação foi um atraso de 15 minutos do protocolo estabelecido pela organização, que exige que os profissionais de imprensa cheguem 30 minutos antes das partidas, e a falta do nome do repórter na lista de autorizados.
Pimenta, freelancer do jornal A Tribuna, destaca que o envio da lista para cadastro dos profissionais que cobririam o evento não foi cumprido pelo veículo devido a partida ter sido marcada de última hora. “Eu tentei argumentar, mas cinco ou seis fiscais, organizadores e seguranças me barraram fisicamente para que eu não conseguisse entrar”, conta o repórter.
O fato fez com que o profissional não cumprisse sua pauta. “Fui humilhado. Tinha, no mínimo, 12 pessoas no portão do estádio que me viram ser barrado. Tive dano material por não exercer meu trabalho e dano moral de ser impedido fisicamente de atuar, como faço há 20 anos. Fui impedido de forma desrespeitosa mesmo estando credenciado pelos órgãos oficiais”, relatou o jornalista.
Pimenta destaca que, desde 2019, profissionais da imprensa têm encontrado dificuldades em atuar nas partidas devido às exigências impostas pela CBF, por isso sugere que a entidade consulte os profissionais ou suas entidades representantes para estabelecer regras que sejam compatíveis com o exercício profissional.
De acordo com o repórter, as exigências não correspondem à realidade profissional, uma vez que os repórteres saem da redação com mais de uma pauta para cumprir e a falta de acesso exclusivo dos profissionais de imprensa nos estádios faz com que enfrentem trânsito, filas e caos para ingressar nos estádios, dificultando que o profissional esteja no estádio com tanto tempo de antecedência ou até mesmo portando o banquinho exigido. “Há tempos se vê o desrespeito da CBF com a categoria. As regras não foram discutidas com os profissionais e não são possíveis de cumprir, fazendo delas algo descabido e que impede exercício profissional.”
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) repudiou o impedimento físico do profissional pelos organizadores da CBF e se propõe a encaminhar, juntamente com a Fenaj, medidas para corrigir tais atitudes e assegurar o direito ao exercício profissional dos jornalistas.