Após meses de reiterados atrasos salariais, os jornalistas de CartaCapital aprovaram um indicativo de paralisação em assembleia realizada na última segunda-feira, 8 de abril, com a coordenação do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
Desde março de 2023, CartaCapital apresenta dificuldade em cumprir com seus compromissos com os trabalhadores. Apesar de alguns meses com o pagamento normalizado entre abril e setembro, os atrasos voltaram a ocorrer de maneira continua a partir de outubro. A empresa também tem atrasado benefícios concedidos aos seus funcionários, como o 13º e a remuneração de férias, sendo o 13º de 2023 o maior atraso, com projeção de pagamento da primeira parcela apenas em maio de 2024.
Apesar da empresa ter manifestado diversas previsões de estabilização do fluxo de caixa, tornou-se comum a prática de informar aos trabalhadores, no dia acordado para o pagamento, de que as verbas devidas não serão quitadas. A situação foi agravada pela mudança da data de pagamento em janeiro, sem consulta prévia à equipe ou acordo, tendo como nova data estipulada o dia 10 em cada mês, em vez do dia 5 acordado previamente em contrato.
Tal situação contribui para o processo de empobrecimento dos funcionários, agudizando um cenário de incertezas e de inseguranças financeiras decorrente do pagamento de multas e juros acarretados pelos atrasos nas contas diárias.
Embora seja defensora ferrenha dos direitos dos trabalhadores e tenha se colocado contra a reforma trabalhista promovida por Michel Temer, CartaCapital obriga seu quadro de funcionários a operar em contratos PJ, com a abertura de MEI. Com horário controlado de entrada e saída, totalizando 8h diárias, escalas fixas de plantão e cobertura em feriados, a equipe de jornalistas do site opera em total acordo ao esperado de um contrato CLT, no entanto sem o respaldo legal trazido pela carteira assinada.
Além dos atrasos nos pagamentos, o contrato firmado pela empresa apresenta a ausência de cláusula expressa que proponha contrapartida aos trabalhadores em caso de inadimplência por parte da empregadora. Ao tentar dialogar sobre os atrasos, os jornalistas ainda sofrem com o descaso e silenciamento da diretoria em relação ao caso.
Desde janeiro os funcionários já tentaram, em diversas oportunidades, dialogar com a diretoria de CartaCapital, tendo as solicitações de reuniões negadas prontamente. Diante da postura reiteradamente silenciosa, houve tentativas do Sindicato de intermediar um encontro entre equipe e gestão, no entanto, nenhuma solução foi oferecida.
Ao certo, os jornalistas consideram que não há mais qualquer alternativa ou espaço ofertado para diálogo que levante soluções para os atrasos dos salários. Diante da piora nas relações de trabalho, a equipe aprovou em assembleia que, caso os pagamentos não sejam regularizados nos próximos dias, uma nova reunião aprovará o início ou não de uma greve.