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A batalha é humanizar ou tecnologizar a informação

A batalha é humanizar ou tecnologizar a informação


Quem participou da abertura do 36º Congresso Nacional de Jornalistas em Maceió, no dia 2 de abril, teve o privilégio de presenciar a conferência de um dos grandes especialistas mundiais em política e comunicação. O sociólogo Dominique Wolton fez profundas reflexões ao abordar o tema “Jornalismo para humanizar a comunicação”.

O pesquisador afirmou que a comunicação é uma atividade política e não técnica, porque o ser humano é mais importante que as técnicas. Por este motivo, ele defende uma “humanização da comunicação”, já que não há democracia sem liberdade de imprensa e não há liberdade de informação sem liberdade radical do Estatuto do Jornalista. “A técnica tem que se adequar ao ser humano, se quisermos garantir a humanização da comunicação. Ela é um instrumento e sozinha não basta para a democratização”, reiterou.

Segundo Wolton, os políticos querem seduzir os jornalistas para si. Mas os jornalistas devem saber qual a boa distância para se manter dos políticos. Ele admitiu que está cada vez mais difícil ser jornalista em um mundo saturado de informação. “Todos os progressos técnicos são formidáveis para a democracia. Mas em vez de os jornalistas defenderem que o jornalismo é indispensável, muitos admitem que a internet seja tudo”, criticou.

Wolton citou alguns aspectos negativos advindos das novas tecnologias. E considera que o sonho de reduzir o tempo entre a construção e o envio da informação se tornou um pesadelo. “Tudo fica cada vez mais rápido e consequentemente mais suscetível a erros. Nem os jornalistas vivem na velocidade dos tuítes, mas a mídia fica cega com os progressos da técnica”, comentou.

Ele avalia que os jornalistas tornaram-se vítimas da tecnologia. Atrás dela, tem o controle da informação e hoje há pouquíssima reflexão sobre quem comanda a informação mundial: Google, Amazon, Apple, Microsoft… “Acontece que quanto mais canais temos, menos diversidade existe, pois todos agora falam da mesma coisa. O campo da informação não aumentou”, lamenta o sociólogo.

Jornalismo precisa ser valorizado

Jornalistas precisam de dinheiro para trabalhar, mas os chefes não dão, argumentando que eles têm o mundo no computador. Isso porque viajar é mais caro, mas é fundamental para conhecer melhor o mundo. É preciso que o canal seja gratuito e não a informação, porque a informação é resultado de um trabalho humano e tem que ser pago. “Os jornalistas têm que ir ao encontro do mundo e não ficar só na internet. Temos que lidar contra duas crenças estúpidas: cidadão do mundo e notícias mundiais. Não há nada disso. Há diferenças em todos os países”.

Wolton convidou o público a pensar sobre o conceito de comunicação. “Precisamos de mais cooperação do jornalista com o meio acadêmico. É preciso aumentar o campo da comunicação. Os grandes jornais têm que ter boas informações e não só tragédias”, salientou.

“Temos que combater a ideia errônea de que todo cidadão pode ser um jornalista, porque temos que defender o trabalho dos jornalistas, os sindicatos e um estatuto mundial. A velocidade do capitalismo não tem a ver com a fragilidade da imprensa. Temos que dar à mídia condições de trabalhar nessa velocidade”, ponderou.

Wolton ainda tocou na importância de cada mídia e defendeu a não segregação e sim a complementariedade delas. A imprensa escrita é importante, o rádio, a TV e a internet, cada um cumpre seu papel para a comunicação.

A batalha, segundo o pesquisador, é humanizar ou tecnologizar a informação. “Vamos ter que criar uma linguagem universal, respeitando as diversidades. Só a informação não basta para fazer a comunicação. Temos que aprender uma nova maneira de fazê-la”.

Wolton também defendeu a regulação da comunicação. Para ele, deveríamos adaptá-la ao mundo da comunicação, pois se não fizermos a regulação ela será imposta. “A lei protege os fracos contra os poderosos. Pensar que a lei mata a liberdade é errôneo. É preciso regulamentar a internet para proteger a informação. E os jornalistas devem denunciar a especulação financeira”.

Para concluir, não com menos importância, ele analisou: “A imprensa não pode ser o 4º poder, ela tem que ser o contra poder”.

 

 

por FENAJ

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