O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) repudia a ação da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que por meio de um ofício extrajudicial, cerceou a liberdade de expressão do cartunista Vitor Teixeira.
Na última terça-feira (24), Vitor publicou imagens do documento que o acusa de “incitar o ódio religioso e propagar o preconceito”, por meio de suas ilustrações.
Vitor, que utiliza a página como forma de trabalho, desenhou uma personagem que faz apologia ao projeto da igreja “Gladiadores do Altar”. Na charge, um soldado com o símbolo da instituição estampada no peito, atinge com uma espada uma mãe de santo, em referência às matrizes religiosas africanas.
No documento, a IURD exigia que a página de Vitor fosse retirada do ar e dizia que “a intolerância religiosa do cartunista precisava ser cessada”. O cartunista “considerou uma ameaça clara à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação”. O ofício também cita o artigo 20, da Lei 7716/89, que se trata da instauração de crime a prática de “discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Vale lembrar que o dogmatismo foi o principal motivo da morte de 12 pessoas da publicação francesa, Charlie Hebdo. “Eu não tenho nada contra a religião. Nós somos um país laico”, afirma cartunista.
Após retirar a imagem, Vitor publicou outra ilustração, desta vez, com duas mãos que estão algemas com o símbolo da Universal, representando a forma como ele foi pressionado por grupos religiosos.
“Deixo claro que minha intenção é de criticar o grupo e, agora, com toda essa repercussão, falar sobre liberdade de expressão”, disse Vitor.
O Sindicato independentemente da questão religiosa, repudia qualquer forma de censura a liberdade de imprensa e de expressão.