O jornalista André Caramante foi um dos vencedores da 16º edição do Prêmio Santo Dias, que foi entregue na segunda-feira (dia 11), em Sessão Solene, no plenário Juscelino Kubitschek, na Assembleia Legislativa de São Paulo. Devido ao fato de o jornalista estar fora do país, depois das ameaças feitas pelo ex-comandante da Rota, coronel Telhada, José Augusto Camargo (Guto), presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), foi convidado à Sessão para, junto a outros jornalistas, entregar a homenagem ao companheiro.
Além de Caramante, também receberam o Prêmio o também jornalista Leonardo Moretti Sakamoto, o rapper Mano Brown e a Instituição de Ensino Educafro – Educação e Cidadania de Afro-descendentes e Carentes. Os vencedores do Prêmio foram escolhidos pelos deputados da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, presidida pelo deputado Adriano Diogo.
A partir junho deste ano, nas periferias da capital e interior do Estado, houve uma escalada dos casos de violências, toques de recolher, chacinas e homicídios. De acordo com dados divulgados no final de outubro pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), de junho a outubro, 1.539 pessoas foram mortas, um aumento de 12% no estado e de 30% na capital, com relação ao mesmo período do ano anterior.
A maioria desses crimes tem características de execução, com indícios de ação de grupos de extermínio, que teriam a participação de policias militares. Os números da SSP apontam que, em setembro, a capital registrou 135 casos de homicídios, com 144 vítimas, aumento de 96% em comparação com o mesmo período de 2011, que registrou 69 casos com 71 vítimas. Segundo dados do mapa da violência 2011 publicado pela UNESCO, em 1997 o índice de mortes era de 30 para cada 100 mil jovens, enquanto em 2011 o número subiu para 52. O mapa aponta o perfil racial dos assassinados, provando que os jovens negros morrem 102% vezes mais que os brancos.
Menção honrosa
Os deputados também concederam Menção Honrosa à defensora pública Daniela Skromov de Alburquerque, por sua atuação junto aos casos de violação de direitos humanos; à Fundação Criança de São Bernardo e à Casa de David pelo trabalho em defesa dos direitos das crianças, adolescentes e jovens; ao Movimento Nacional de Direitos Humanos, em homenagem aos seus 30 anos; ao jornalista Danilo Manha que denuncia mazelas da sociedade; e à Sônia Aparecida dos Santos na luta contra o genocídio da juventude negra e pobre da periferia.
O Prêmio, que leva o nome do operário assassinado durante uma greve em 1979, é entregue anualmente a pessoas ou entidades com atuação em defesa dos direitos humanos no Estado.
Santo Dias
O metalúrgico Santo Dias da Silva tinha 37 anos quando foi assassinado, na porta da fábrica Sylvânia, na zona sul da capital, com um tiro pelas costas disparado pelo PM Herculano Leonel. Membro da Pastoral Operária de São Paulo, o metalúrgico era membro do comando de greve da categoria e tentava dialogar com policiais para a libertação de companheiros presos durante a paralisação.
Seu corpo foi velado na Igreja da Consolação. No dia 31 de outubro de 1979, 30 mil pessoas saíram às ruas da capital para acompanhar o enterro e protestar contra a morte do líder operário e pelo livre direito de associação sindical e de greve e contra a ditadura.
Deputados integrantes da Comissão
Adriano Diogo, Leci Brandão, Marco Aurélio de Souza, Beth Sahão, Carlos Bezerra Júnior, André Soares, Cauê Macris, Dilmo dos Santos, Gilmaci Santos e Rafael Silva.
Fonte: Alesp
