Em coletiva à imprensa na quinta-feira (22) na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, a Fenaj lançou o “Relatório 2014 da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil”. Segundo o levantamento, no ano passado foram registrados 129 casos de agressões a jornalistas, dentre elas 3 mortes.
A realização de 1 minuto de silêncio em memória dos jornalistas mortos no exercício da profissão no ano passado, e em protesto pelas agressões praticadas contra os jornalistas, marcou o início da coletiva, que contou com as participações da secretária geral da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), Beth Costa, do diretor de Assistência Social da ABI, Arcírio Gouvêa, do presidente da Fenaj, Celso Schröder, e da vice-presidente da entidade, Maria José Braga, que elaborou o relatório final.
O relatório trás dados por região, estado, gênero, tipo de mídia e agressores, além do relato dos casos. Grande parte dos 129 casos registrados ocorreu durante manifestações de rua e foi praticada por policiais. E embora os registros apontem uma redução de 30% das agressões em relação a 2013, os casos de violência extrema – assassinato – aumentaram em relação a anos anteriores.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) participou do lançamento do relatório, representado pelo presidente da entidade, José Augusto Camargo (Guto). A atividade também foi acompanhada, por diretores dos Sindicatos dos Jornalistas do Município e do Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Amazonas, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Ceará. Participaram, também, representantes de duas universidades (UERJ e Unicarioca), o representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Marcelo Sales, e Patrícia Palma, viúva do jornalista Pedro Palma, que foi assassinado
Assassinatos
O assassinato do repórter cinematográfico da Band do Rio de Janeiro, Santiago Ilídio Andrade, foi apontado como o mais emblemático da violência contra jornalistas registrada no ano passado. Ele foi atingido por um artefato explosivo, lançado por um manifestante durante um protesto popular realizado no dia 6 de fevereiro de 2014, foi hospitalizado e morreu quatro dias. Os responsáveis foram identificados, presos e respondem a processo criminal.
O mesmo desfecho não se verificou nos outros dois casos de assassinatos ocorridos no ano passado, os dos jornalistas Pedro Palma, do Rio de Janeiro, e Geolino Lopes Xavier, conhecido como Geo, da Bahia. Estes crimes tiveram características de assassinatos por encomenda, seus autores não foram identificados e permanecem impunes.
No relatório foi registrada, também, a morte de três radialistas e um blogueiro, não computados nos dados gerais por não pertencerem à categoria, além da morte de quatro jornalistas em crimes não relacionados com o exercício da profissão.
Protestos
Celso Schröder, presidente da Fenaj, destacou que, das 129 agressões contra jornalistas identificadas, 50,4% (65), aconteceram durante protestos. Destas,48,06% foram praticadas por policiais e 12,4% por manifestantes. A região Sudeste foi, mais uma vez, identificada como a mais violenta para os jornalistas, com 55,81% das agressões.
Ainda entre os vários dados do levantamento, identificou-se 17 casos de agressão física não relacionada a manifestações (13,17%), 12 de cerceamento à liberdade de expressão com ações judiciais (9,3%), 11 de ameaças e intimidações (8,52%) e 7 de agressões verbais (5,43%).
Legenda: Presidente da Fenaj, Celso Schröder (ao microfone) abre a coletiva de imprensa
Foto: DiPaola
Texto: Fenaj