O parlamento federal da Alemanha (Bundestag) aprovou uma ampliação do contrato de compra do sistema antimíssil Arrow 3 de Israel. Anunciada nesta quarta-feira, 17 de dezembro, a expansão eleva o valor do acordo de US$ 3,6 bilhões para US$ 6,7 bilhões, tornando-o “o maior acordo de exportação” de equipamentos bélicos israelenses de todos os tempos, segundo o Ministério da Defesa israelense (IMOD).
A pedido do Ministério da Defesa alemão (BMVg), o IMOD concordou em “aumentar significativamente a taxa de produção dos interceptadores e lançadores Arrow 3 a serem fornecidos à Alemanha, aumentando substancialmente suas capacidades de defesa aérea e antimísseis”, segundo informa o IMOD em seu perfil na rede social Linkedin.
A transação comercial com a Alemanha reforçará a estratégia expansionista e colonial de Israel: “Sob a estratégia do IMOD liderada pelo ministro da Defesa, Israel Katz, e pelo diretor-geral do IMOD, major-general (reserva) Amir Baram, a expansão das exportações de defesa – incluindo o contrato Arrow – aumentará significativamente o fortalecimento das forças das IDF [Exército israelense] e fortalecerá a indústria e a economia de defesa de Israel”, diz o IMOD.
O sistema Arrow 3, “que demonstrou impressionantes capacidades operacionais durante a guerra com dezenas de interceptações bem-sucedidas”, é desenvolvido e produzido conjuntamente pelo IMOD “e pela Agência de Defesa contra Mísseis dos EUA (MDA)”, admite o IMOD. Ele é fabricado pela Israel Aerospace Industries (IAI).
Os fortes laços comerciais existentes entre Alemanha e Israel, que incluem venda de material bélico em ambos os sentidos, explicam a violência brutal com que a Polícia alemã reprime as manifestações contra o genocídio e em defesa da Palestina, agredindo e prendendo covardemente manifestantes, inclusive mulheres jovens e idosos(as). Pela mesma razão, a Alemanha tem sido um dos maiores cúmplices de Israel no genocídio perpetrado em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém, calando-se diante de todas as atrocidades cometidas pelo regime sionista.
Número de vítimas fatais em Gaza já ultrapassa 70 mil
O número total de palestinos(as) assassinados(as) por Israel em Gaza desde 7 de outubro de 2023 é agora de 70.669, com 171.165 feridos. Desde 11 de outubro de 2025, o primeiro dia completo do cessar-fogo, Israel matou pelo menos 395 palestinos(as) em Gaza (95% dos quais civis) e feriu 1.088, enquanto 634 corpos foram recuperados dos escombros, de acordo com o Ministério da Saúde.
Um bebê de um mês, Said Said Abdeen, morreu de hipotermia, segundo o Ministério da Saúde, elevando para 13 o número de palestinos mortos em decorrência do frio e das tempestades em Gaza. Outras estimativas apontam para 18 mortos, incluindo cinco crianças que morreram de hipotermia.
Quase 55 mil famílias em Gaza foram afetadas por recentes tempestades, perdendo seus abrigos ou tendo seus bens pessoais danificados, informou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). A agência alertou que reparos urgentes são necessários, visto que as condições continuam a se deteriorar, e acrescentou que grupos de ajuda humanitária estão se mobilizando para fornecer assistência durante o inverno.
O OCHA também observou que as tempestades danificaram dezenas de instalações em Gaza projetadas especificamente para crianças, interrompendo os serviços para cerca de 30 mil crianças.
Pelo menos 17 prédios residenciais desabaram completamente e 90 desabaram parcialmente em Gaza desde que as tempestades de inverno atingiram o enclave nesta temporada, disse Mahmoud Basal, porta-voz da Defesa Civil. Ele acrescentou que cerca de 90% de todos os abrigos na Faixa de Gaza foram completamente inundados e que as equipes da Defesa Civil receberam mais de 5 mil chamadas de socorro.
Os EUA informaram a interlocutores que obtiveram o compromisso do Egito, Catar, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Itália e Alemanha de que seus líderes farão parte do “Conselho da Paz” que supervisionará Gaza, segundo o jornal Times of Israel. O órgão é liderado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e deve supervisionar a governança e a reconstrução de Gaza no pós-guerra, mesmo após a saída de Trump do cargo. Washington também está cortejando o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman e o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan. O Times of Israel observou que “a disposição de participar do Conselho da Paz não significa que o apoio adicional de cada país esteja garantido”.
Autoridades americanas disseram a participantes de uma recente conferência do Comando Central dos EUA em Doha que a proposta de criação da Força Internacional de Estabilização (FIE) não confrontaria diretamente o Hamas e seria mobilizada apenas ao longo da chamada “linha amarela”, informou o The Times of Israel. Washington pressionou outros países a participarem da FIE, solicitando o envio de tropas, assistência com policiamento e logística ou financiamento. Diplomatas presentes na conferência afirmaram que questões-chave permanecem sem solução, particularmente como a força lidaria com o armamento do Hamas.
O primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, afirmou que o Catar e os Estados Unidos estão se preparando para reunir todos os mediadores em uma reunião que pretende desenvolver uma estrutura para avançar para a segunda fase do cessar-fogo em Gaza, segundo a Al Jazeera. Em visita a Washington, Al Thani disse que há uma “necessidade urgente” de avançar para a próxima fase e formar uma administração civil palestina em Gaza, e alertou que uma força internacional de estabilização, mandatada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, não deve “proteger uma parte em detrimento da outra”.
Após se reunir com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, como parte do sétimo Diálogo Estratégico EUA-Catar, Al Thani disse que o Catar está preocupado com as repetidas violações do cessar-fogo por Israel, que podem comprometer o acordo e colocar os mediadores em uma “posição embaraçosa”.
Um líder de uma milícia de Gaza que opera contra o Hamas afirmou que seu grupo é financiado e apoiado por Israel, reconhecendo, em entrevista concedida ao Canal 14 de Israel, a coordenação direta com os militares israelenses. O líder, Shawqi Abu Nassir, disse que sua milícia recebe armas, suprimentos e “coordenação de segurança no mais alto nível”, com imagens mostrando seus combatentes operando em áreas controladas por Israel perto da chamada Linha Amarela. Israel teria armado várias dessas facções locais, anteriormente ligadas por autoridades israelenses a atividades criminosas e ao saque de ajuda humanitária.
Israel e os EUA planejam dividir a cidade de Rafah, em Gaza, em zonas geográficas numeradas, dentro do que Israel chama de “nova cidade”, segundo o portal israelense Walla. A coordenação entre as forças armadas israelenses, os serviços de inteligência e autoridades americanas em Kiryat Gat tem sido constante em um plano diretor para a reestruturação de Rafah.
O Hamas afirma que as violações israelenses estão levando o cessar-fogo em Gaza ao colapso. O negociador sênior Ghazi Hamad alertou que o acordo agora está “por um fio”. Hamad disse que o Hamas documentou mais de 813 violações israelenses do cessar-fogo — uma média de 25 por dia — incluindo assassinatos, ataques aéreos, incursões terrestres, restrições à ajuda humanitária e violações das linhas de segurança acordadas.
Expansão dos assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia
Em 2025, a Cisjordânia registrou a maior expansão de assentamentos de colonos israelenses desde 2017. O coordenador especial adjunto da ONU, Ramiz Alakbarov, informou que o gabinete israelense aprovou ou “regularizou” 19 assentamentos em 11 de dezembro último, e aprovou a construção de mais de 6.300 unidades habitacionais em assentamentos durante o último período de relatório da ONU, elevando 2025 ao nível mais alto de expansão de assentamentos israelenses ilegais desde o início do monitoramento da ONU em 2017.
Nos últimos dias as forças armadas israelenses realizaram incursões em toda a Cisjordânia ocupada e detiveram pelo menos 40 palestinos, segundo a Sociedade de Prisioneiros Palestinos.
O Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, o parlamento de Israel, aprovou por unanimidade um projeto de lei para cortar o fornecimento de água e eletricidade de propriedades registradas em nome da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), aproximando-o de sua aprovação, informou o International Middle East Media Center. A nova legislação obrigaria os fornecedores a suspender ou desconectar os serviços de qualquer instalação listada em nome da UNRWA e permitiria que o Estado confiscasse propriedades da UNRWA em Jerusalém sem os trâmites legais normais.
A medida surge na sequência de uma operação israelense na sede da UNRWA em Jerusalém e é amplamente vista como parte de uma iniciativa mais ampla para desmantelar a presença da agência e apagar a questão dos refugiados palestinos das negociações políticas.
(Resumo baseado em informações das edições de 17 e 18 de dezembro da Drop Site News)


