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Israel desrespeita cessar-fogo e volta a atacar Gaza, dois dias depois de matar 104 palestinos (46 crianças); Tel Aviv aprova 3 mil novas moradias ilegais na Cisjordânia, e soldados israelenses matam jovem de 14 anos

Nesta sexta-feira, 31 de outubro, apesar do cessar-fogo supostamente em vigor, Israel atacou os bairros de Shujaiya e Tuffah, na zona leste da Cidade de Gaza, e bombardeou áreas de Khan Younis, segundo a Al Jazeera. Pelo menos um palestino foi morto e seu irmão ficou ferido por disparos israelenses em Shujaiya.

Na quarta-feira, 29, ataques aéreos israelenses e disparos de tanques mataram pelo menos 104 pessoas em Gaza, destacadamente no campo de refugiados de Nuseirat, incluindo o bombardeio duplo de uma casa que matou pelo menos onze membros da família Abu Dalal, incluindo quatro crianças. Ao todo foram assassinadas 46 crianças, em menos de 12 horas. O pretexto para essa onda letal de ataques foi o assassinato de um soldado israelense, atribuído por Israel ao Hamas, que nega a autoria da ação.

Em Nuseirat, o Hospital Al-Awda estava lotado de pessoas em luto, após receber pelo menos 30 corpos. Funerais coletivos foram realizados, com centenas de pessoas nas ruas participando de orações fúnebres pela família Abu Dalal e outros, cujos corpos foram envoltos em sacos mortuários brancos e empilhados em caminhões. Leia a reportagem mais recente de Abdel Qader Sabbah, com vídeo, no Drop Site News.

Nesta sexta, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, Israel devolveu os corpos de 30 prisioneiros palestinos. A entrega ocorreu um dia depois de o Hamas ter devolvido os restos mortais de dois prisioneiros israelenses a Israel. Com essa entrega, o número de corpos palestinos devolvidos por Israel a Gaza chega a 225. Todos estavam sem identificação e muitos apresentavam sinais de tortura, abuso e execução sumária. O Hamas já devolveu os restos mortais de 17 prisioneiros israelenses desde o início do cessar-fogo, e espera-se que mais 11 sejam entregues. De acordo com os termos do acordo, Israel entrega 15 corpos palestinos para cada corpo israelense entregue.

Um relatório confidencial do inspetor-geral do Departamento de Estado identificou “centenas” de possíveis violações de direitos humanos cometidas por Israel em Gaza, cuja análise pode levar “vários anos”,  segundo informou o The Washington Post. É a primeira vez que um relatório do governo norte-americano reconhece a gravidade das ações israelenses em Gaza sob as Leis Leahy, legislação que proíbe o auxílio militar dos EUA a militares estrangeiros acusados de abusos de direitos humanos.

Os três soldados israelenses mortos em Gaza desde o acordo de cessar-fogo morreram enquanto demoliam casas na cidade de Rafah, destaca Mohammad Alsaafin, da Al Jazeera. Entre eles estava Efraim Feldbaum, membro fundador da Unidade Uriah — uma formação acusada por grupos de direitos humanos de arrasar bairros inteiros e de usar prisioneiros palestinos como escudos humanos.

O doutor Ahmed Mahana, um médico palestino detido por tropas israelenses no Hospital Al-Awda, no centro de Gaza, relatou em entrevista ao Canal 4 que foi vendado, algemado e atacado por cães antes de ser espancado e interrogado por horas no campo de detenção israelense de Sde Teiman. Ele afirmou que os interrogadores o acusaram de se recusar a cumprir ordens de evacuação do exército israelense e de “difamar” Israel na mídia internacional. Mahana está entre os mais de 400 profissionais de saúde de Gaza detidos pelo Exército de Israel desde o início da guerra, dos quais cerca de 80 permanecem sob custódia.

Israel propôs reativar a “Fundação Humanitária de Gaza” (GHF) para reabrir de dez a vinte pontos de distribuição de ajuda protegidos pelo Exército ao longo da “Linha Amarela”, mas autoridades americanas rejeitaram o plano como “irrealista”, alertando que civis não devem ser forçados a atravessar zonas militarizadas em busca de alimentos e ajuda, segundo o jornal israelense Haaretz.

Mais de 2.600 palestinos foram mortos em ou perto de instalações da GHF desde que começaram a operar no final de maio. Washington está analisando modelos alternativos de distribuição de ajuda, observou a Reuters, embora Marco Rubio, secretário de Estado, tenha descartado qualquer papel renovado para a UNRWA, apesar de seu papel de longa data como principal agência de ajuda humanitária em Gaza.

Altos funcionários do governo Trump disseram à agência de notícias israelense N12 que os EUA apresentarão em breve um plano detalhado para formação de uma força internacional de estabilização em Gaza, liderada pelo Centcom (comando central norte-americano) e estruturada em torno de uma nova unidade policial palestina aprovada pelos EUA, Egito e Jordânia, juntamente com tropas de países árabes e muçulmanos. Apesar das objeções israelenses, Washington quer a inclusão da Turquia, com um funcionário afirmando que Ancara “foi muito útil para alcançar o acordo de Gaza”.

A proposta depende da obtenção do consentimento do Hamas para que a força possa impor o cessar-fogo. Uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que autoriza a missão está, segundo relatos, perto de ser concluída, com as decisões estruturais finais esperadas nos próximos dias.

O ministro das Finanças israelense, o ultradireitista Bezalel Smotrich, afirmou que o Conselho Supremo de Planejamento ratificará em breve 1.973 novas unidades habitacionais em assentamentos na Cisjordânia ocupada, um dia após aprovar 1.300 em Gush Etzion. Segundo a agência de notícias Quds, Israel aprovou quase 30 mil unidades habitacionais em assentamentos na Cisjordânia desde o início de 2025. A ONU reiterou diversas vezes que os assentamentos israelenses em territórios palestinos ocupados são ilegais perante o direito internacional.

A mídia palestina relata que soldados israelenses atiraram e mataram Yamen Hamed, de 14 anos, na cidade de Silwad, a nordeste de Ramallah, por volta das 23h15, horário local. Testemunhas disseram que, adicionalmente, as tropas de Israel impediram uma ambulância de chegar até o menino, que acabou falecendo devido aos ferimentos. O assassinato ocorre em meio a uma onda de ataques israelenses na Cisjordânia ocupada.

Um novo relatório do Centro de Pesquisa e Informação do Knesset registrou 279 tentativas de suicídio entre soldados israelenses entre janeiro de 2024 e julho de 2025 — aproximadamente sete tentativas para cada suicídio confirmado. O deputado Ofer Cassif, que encomendou o estudo, alertou que a tendência reflete uma “epidemia de suicídio… que deverá aumentar quando a guerra terminar”, e pediu sistemas de apoio e uma transição para a paz. Em um incidente separado, noticiado pelo Canal 13, um reservista de 40 anos ateou fogo ao próprio corpo em frente à casa de um funcionário do Ministério da Defesa responsável pela reabilitação de veteranos.

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