O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vêm a público para lamentar profundamente o falecimento do jornalista Mino Carta, aos quase 92 anos de idade, ocorrido nesta terça-feira, 2 de setembro, após duas semanas de internação hospitalar. Nascido em Gênova, na Itália, Mino tornou-se um dos principais nomes do jornalismo brasileiro, com marcante atuação ao longo de várias décadas.
O nome de Mino está ligado à criação e à trajetória das principais revistas semanais do país, entre as quais destacam-se Veja, surgida em 1968, e IstoÉ, em 1976. Depois de se afastar dessas publicações, ele assumiu em 1978 a retomada da revista Senhor (que desapareceria após breve fusão com a IstoÉ) e, em 1994, fundou CartaCapital, que se notabilizaria por uma postura editorial crítica e independente — e onde trabalhou até o final da vida.
Mino também liderou a equipe fundadora do Jornal da Tarde, publicação do grupo Estado de S. Paulo criada em 1966 e que inovou na diagramação e em outros aspectos editoriais. Em 1979, em parceria com Cláudio Abramo, lançou o Jornal da República, que teria vida efêmera.
O SJSP e a Fenaj reconhecem a importância das contribuições de Mino Carta para o jornalismo brasileiro, ao longo de sua trajetória profissional como editor e diretor de redação (que não se resumem às apontadas acima). Sua atuação envolve desde a publicação de denúncias de dezenas de casos de tortura pela revista Veja durante a Ditadura Militar (1964-1985) à sua firme oposição ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff (2016) e às ilegalidades praticadas pela Operação Lava Jato.
“Democrata convicto”, como ele se definiu, Mino se opôs frontalmente às reformas e práticas neoliberais inicialmente implantadas no Brasil no governo Collor de Melo, depois ampliadas e aprofundadas nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Jair Bolsonaro, e que são aplicadas hoje por vários governadores e prefeitos, a exemplo da desenfreada privatização de empresas públicas que ocorre em São Paulo.
Eventualmente, Mino também emitiu opiniões desfavoráveis sobre o SJSP, ou considerações sobre questões específicas da política nacional que colidiram com as respectivas posições do SJSP, da Fenaj e de outras organizações do campo democrático e popular. Certas escolhas que fez, como empresário da comunicação, estão igualmente sujeitas à crítica da categoria.
Porém, tais contradições não diminuem seu exemplo, tão precioso para as novas gerações de profissionais, de jornalista inquieto, combativo, insubmisso e irreverente frente ao “pensamento único” neoliberal que busca domesticar o jornalismo brasileiro, calar as vozes dissidentes e manter o domínio das oligarquias — ou, como ele dizia, da “Casa Grande” — sobre as classes trabalhadoras e a população brasileira.
Mino Carta, presente!
São Paulo, 2 de setembro de 2025
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Federação Nacional dos Jornalistas


