Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Logo da Federação Internacional de Jornalistas
Logo da Central Única dos Trabalhadores
Logo da Federação Nacional de Jornalistas

Mino Carta (1933-2025), exemplo de jornalista combativo, insubmisso e irreverente

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vêm a público para lamentar profundamente o falecimento do jornalista Mino Carta, aos quase 92 anos de idade, ocorrido nesta terça-feira, 2 de setembro, após duas semanas de internação hospitalar. Nascido em Gênova, na Itália, Mino tornou-se um dos principais nomes do jornalismo brasileiro, com marcante atuação ao longo de várias décadas.

O nome de Mino está ligado à criação e à trajetória das principais revistas semanais do país, entre as quais destacam-se Veja, surgida em 1968, e IstoÉ, em 1976. Depois de se afastar dessas publicações, ele assumiu em 1978 a retomada da revista Senhor (que desapareceria após breve fusão com a IstoÉ) e, em 1994, fundou CartaCapital, que se notabilizaria por uma postura editorial crítica e independente — e onde trabalhou até o final da vida.

Mino também liderou a equipe fundadora do Jornal da Tarde, publicação do grupo Estado de S. Paulo criada em 1966 e que inovou na diagramação e em outros aspectos editoriais. Em 1979, em parceria com Cláudio Abramo, lançou o Jornal da República, que teria vida efêmera.

O SJSP e a Fenaj reconhecem a importância das contribuições de Mino Carta para o jornalismo brasileiro, ao longo de sua trajetória profissional como editor e diretor de redação (que não se resumem às apontadas acima). Sua atuação envolve desde a publicação de denúncias de dezenas de casos de tortura pela revista Veja durante a Ditadura Militar (1964-1985) à sua firme oposição ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff (2016) e às ilegalidades praticadas pela Operação Lava Jato.

“Democrata convicto”, como ele se definiu, Mino se opôs frontalmente às reformas e práticas neoliberais inicialmente implantadas no Brasil no governo Collor de Melo, depois ampliadas e aprofundadas nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Jair Bolsonaro, e que são aplicadas hoje por vários governadores e prefeitos, a exemplo da desenfreada privatização de empresas públicas que ocorre em São Paulo.

Eventualmente, Mino também emitiu opiniões desfavoráveis sobre o SJSP, ou considerações sobre questões específicas da política nacional que colidiram com as respectivas posições do SJSP, da Fenaj e de outras organizações do campo democrático e popular. Certas escolhas que fez, como empresário da comunicação, estão igualmente sujeitas à crítica da categoria.

Porém, tais contradições não diminuem seu exemplo, tão precioso para as novas gerações de profissionais, de jornalista inquieto, combativo, insubmisso e irreverente frente ao “pensamento único” neoliberal que busca domesticar o jornalismo brasileiro, calar as vozes dissidentes e manter o domínio das oligarquias — ou, como ele dizia, da “Casa Grande” — sobre as classes trabalhadoras e a população brasileira.

Mino Carta, presente!

São Paulo, 2 de setembro de 2025

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo

Federação Nacional dos Jornalistas

veja também

relacionadas

mais lidas

Acessar o conteúdo