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SJSP e Fenaj defendem respeito à profissão de jornalista em cursos sobre IA no movimento sindical

Redação - SJSP

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) manifestam preocupação e reservas frente à utilização, em cursos sobre Inteligência Artificial (IA), de prompts — comandos ou instruções à IA — destinados ao desempenho de tarefas e funções que são próprias do jornalismo e, portanto, da profissão do jornalista, ou de segmentos afins do ramo da comunicação.

Recentemente, cursos ministrados para sindicalistas da região do ABC paulista e para servidores públicos ensinaram essas atribuições, mostrando como usar a IA para fazer pautas e postagens de teor jornalístico, roteiros e até cards para as redes sociais. Um exemplo utilizado foi o uso do ChatGPT para a Campanha Nacional do Plebiscito.

O palestrante escreveu na IA o prompt: “Seja um jornalista eficiente e escreva um post com emoticons sobre o Plebiscito Popular”. O ChatGPT produziu a legenda do post com uma linguagem genérica e forneceu informações erradas sobre os objetivos do Plebiscito, citando cortes em direitos trabalhistas, privatização de serviços públicos, investimentos em saúde e educação, além de reformas que impactam servidores e aposentadorias.

Porém, o que a campanha do Plebiscito Popular defende é o fim da jornada 6×1; a redução da jornada de trabalho sem redução salarial; a taxação dos super-ricos; e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Ou seja: a IA produziu um conteúdo inverídico. Foi criado também um card que reproduz as mesmas informações equivocadas. Por isso são fundamentais o trabalho do jornalista e a curadoria humana.

Obviamente, esses cursos do movimento sindical representam uma acertada iniciativa ao formar e orientar dirigentes para utilizarem a IA no fortalecimento da ação sindical. Citamos como exemplos de uso correto da IA a criação de prompts para relatórios, conversão de textos de PDF, levantamento de balanços de acordos coletivos, elaboração de planilhas e análise de dados agregados e, de modo geral, tarefas repetitivas cuja execução seja mais rápida e eficiente mediante o uso de IA — sem que, no entanto, nada disso seja entendido como tecnologia poupadora de força de trabalho, ou seja: sem que acarrete demissões.

Como representantes dos jornalistas profissionais, o SJSP e a Fenaj repudiam enfaticamente o uso de IA, qualquer que seja a sua modalidade, para precarizar ou substituir a força de trabalho de jornalistas. A categoria já enfrenta um processo cotidiano de precarização, que se manifesta na falta de vínculo empregatício, na crescente pejotização, na exposição a todos os tipos de assédios ou por meio de contratos de trabalho predatórios.

Na Plenária Estatutária da CUT-SP realizada em 18 e 19 de julho últimos, durante o debate sobre os impactos do uso da IA e os desafios para o mundo do trabalho, a pesquisadora Adriana Marcolino, diretora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ressaltou a importância de se utilizar a IA para aprimorar as relações de trabalho, e não para substituir a “mão de obra”, além de defender a regulamentação da IA no Brasil com participação social.

SJSP e Fenaj reiteram que os cursos ministrados no movimento sindical devem prescrever o uso adequado e ético das ferramentas de IA, sem induzir ou sugerir formas de precarizar e ou de substituir o trabalho de jornalistas e outros profissionais de comunicação. Insistem na necessidade de curadoria humana e, acima de tudo, de total respeito ao trabalho de jornalistas, roteiristas, designers e cineastas que atuam na comunicação do movimento sindical.

SJSP
Fenaj

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