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‘Cena de massacre’: Sindicatos dos Jornalistas de SP e do Município do RJ repudiam demissão em massa do Intercept Brasil

Empresa fez demissão coletiva sem comunicação prévia aos representantes dos sindicatos dos trabalhadores e sem propor pacote adicional de indenizações
Redação - SJSP

O Intercept Brasil demitiu, de uma só vez, dez profissionais da sua redação de jornalismo. Esse contingente representava uma expressiva quantidade de jornalistas que mantinham o site no ar.

A atual direção do Intercept Brasil, portal que esteve à frente de grandes reportagens que expuseram problemas profundos do país – a exemplo da Vaza Jato e da descoberta do mandante da morte de Marielle Franco –, não te contou o que fez. Pelo contrário. Escondeu!

A direção do Intercept Brasil continuou mandando e-mails pedindo mais verbas para os assinantes, defendendo a bandeira que precisava de mais recursos para fazer um jornalismo sério, comprometido e independente.

Paralelo a isso, mandava embora repórteres, editor, coordenador de estratégia, produtor e diretora de vídeo, editor de arte e diretor de distribuição de conteúdo. Dos demitidos, 60% eram pretos e pardos. Destes, 40% ocupavam cargos de liderança estratégica dentro do organograma do portal.

Quinze dias após todas essas demissões, o Intercept Brasil publicou um vídeo anunciando caras novas na equipe e informando que o “time editorial cresceu”. Não é verdade.

Profissionais que eram CLT foram substituídos por PJ. Uma única profissional passou a supervisionar a função que era exercida por três pessoas (vídeo, redes sociais e arte). Repórteres e editores deram lugar a mais colunistas. Isso significa menos investigação e mais opinião.

O Intercept Brasil publicou, em março de 2023, a reportagem ‘Cena de Massacre’, denunciando as demissões em massa nas empresas Meta, Twitter, Google e XP. Os trabalhadores narravam ausência de compensações para mitigar os efeitos do corte e a falta de diálogo e transparência com os ex-colaboradores.

O que era para ter sido uma denúncia parece mesmo ter se tornado uma fonte de inspiração. A atual direção agiu com o igual ou pior desrespeito aos seus colaboradores, anunciando em uma única chamada de vídeo o corte em massa. Minutos depois sonegou o acesso aos e-mails corporativos pessoais e cortou todo tipo de comunicação com as plataformas de trabalho.

A demissão em massa foi a última etapa de um movimento que começou um mês antes, quando a coordenadora de estratégias e operações foi desligada após retornar de férias, sem maiores explicações. Semanas depois, o editor-chefe anunciou sua saída.

Vale ressaltar ainda que, sendo um portal de jornalismo investigativo, muitas vezes agentes públicos e privados figuraram nas páginas do Intercept Brasil por agir ao arrepio da lei. Mas a atual direção também descumpriu um entendimento do Supremo Tribunal Federal, o STF, que em março do ano passado decidiu que casos de demissão em massa devem contar com prévia intervenção sindical, e isso não aconteceu.

A redação do Intercept Brasil funcionava de maneira remota desde a pandemia, com parte da equipe no Rio de Janeiro e outra parte em São Paulo. Nem o Sindicato dos Jornalistas do município do Rio de Janeiro, tampouco o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo foram chamados para realizar negociações que tentassem assegurar os direitos dos profissionais.

A partir dos sindicatos, os profissionais demitidos tentaram negociar um acordo extrajudicial pedindo um pacote indenizatório pela maneira como o desligamento foi feito. A direção, alegando falta de agenda, adiou a reunião por quase um mês com os sindicatos do Rio de Janeiro e de São Paulo. Finalmente, quando os valores foram apresentados em negociação, não apresentaram qualquer contraproposta no prazo estabelecido em assembleia da categoria.

Em nome da verdade dos fatos que devem nortear os princípios jornalísticos de uma empresa comprometida com a profissão, repudiamos as ações geradas pela atual direção do Intercept Brasil em total desrespeito aos trabalhadores, além da falta de transparência e diálogo com seus leitores e assinantes.

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