Um grupo de empresários do setor de energia solar tem atuado de maneira sistemática para constranger e pressionar jornalistas que realizam a cobertura do tema, em uma tentativa de intimidar o trabalho de apuração e a livre divulgação das informações para o público.
Nas últimas semanas, repórteres tiveram suas redes sociais pessoais e seus números de celulares expostos em grupos de WhatsApp que reúnem membros das empresas de energia alternativa — o objetivo é coagir os jornalistas que publicam notícias com informações que desagradam o setor.
A pressão contra os profissionais de imprensa vem aumentando por conta de um projeto de lei (PL 5829/19) que está próximo de ser votado na Câmara dos Deputados e institui um marco legal para a gestão de energia solar. Segundo os jornalistas que cobrem o setor, alguns empresários não aceitam a divulgação de notícias que tratam do questionamento ao subsídio concedido para o setor e que é cobrado via conta de luz dos consumidores
Além da tentativa de intimidação ao compartilhar indevidamente os contatos pessoais de jornalistas, também há relatos de que representantes de entidades ligadas ao setor de energia solar entram em contato com as chefias dos setoristas para tentar alterar o teor das matérias ao adotar um tom mais “ameno” em relação às críticas.
Para o Sindicato dos Jornalistas, essa é uma tentativa de censura ao trabalho de apuração jornalística e nada tem a ver com a apreciação crítica de uma reportagem após sua publicação.
O Sindicato enviou um ofício à Inel (Instituto Nacional de Energia Limpa) para solicitar uma reunião e pedir esclarecimentos sobre os casos relatados pelos jornalistas.