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Sindicato exige que Alckmin dê um basta na violência da PM contra jornalistas

Sindicato exige que Alckmin dê um basta na violência da PM contra jornalistas


 

faixa sjsp

 

A violência de Policiais Militares contra jornalistas atingiu um nível insustentável. A gota d´água foi o recente episódio que envolveu o repórter do Jornal Lance!, Bruno Cassucci de Almeida, que após o jogo entre Santos e Botafogo, na Vila Belmiro, cidade de Santos, estava registrando a intervenção da Polícia Militar em um confronto entre torcedores, quando foi abordado por um policial que o mandou deixar de fazer a cobertura.

Sob a mira de um revólver, recebeu uma revista agressiva, teve todas as imagens registradas apagadas e ainda foi agredido no rosto. Para piorar, momentos depois da agressão, um policial se colocou entre o jornalista e a parede, pegou uma bomba de efeito moral, puxou sua calça e colocou o artefato dentro dela em uma atitude que além de humilhante, pode ser classificada como tortura e maus-tratos.

Este tipo de procedimento, que lembra a ação policial em governos autoritários, tem uma razão de ser: a impunidade de maus policiais que teimam em agredir jornalistas sem que nada lhes aconteça. O primeiro foi o repórter fotográfico Alex Silveira, que durante manifestação de professores na avenida Paulista, em São Paulo, em 2000, ficou cego pelo disparo de bala de borracha desferido pela Tropa de Choque da PM. O agressor nunca foi identificado e punido e, para piorar, também na ação que o jornalista moveu contra o Estado, perdeu a causa e foi considerado culpado.

Anos depois, em 2013, durante as manifestações populares, foi a vez do também repórter fotográfico Sérgio Silva perder um dos olhos por disparo de bala de borracha. Também seu agressor não foi identificado e punido, apesar dos vários requerimentos nesse sentido realizado pelo Sindicato junto às autoridades do Estado. A repórter Giuliana Vallone , a serviço da TV Folha, também recebeu um disparo no olho e só não perdeu a visão por que o óculos que utilizava amorteceu o impacto da bala. Em 2011, o repórter fotográfico Osmar Bustos, a serviço do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e correspondente para os jornais argentinos Página 12 e Toda Notícia, foi alvejado nas costas com duas balas de borracha disparadas por PMS.  Além desses, cerca de 70 trabalhadores da imprensa foram agredidos por policiais, alguns deles detidos ilegalmente, atacados com golpes de cassetetes ou feridos por estilhaços de gás lacrimogênio. Todos estavam cobrindo manifestações em vias públicas, a serviço de bem informar a população e devidamente identificados como representantes da imprensa.

O Sindicato exige do governo do Estado, através de seu representante maior, o governador Geraldo Alckmin, a  rigorosa investigação e punição dos agentes envolvidos não somente na recente agressão ao repórter do jornal Lance!, com nos episódios dos demais jornalistas, inclusive com a exoneração, a bem do serviço público, dos envolvidos nestes vergonhosos episódios. Enquanto essas questões não forem devidamente esclarecidas, uma grande faixa com os dizeres “Gov. Alckmin. Basta de violência da PM contra jornalistas” estará afixada na fachada da entidade.

 

Este é o documento elaborado pelo SJSP e encaminhado às autoridades:

“A liberdade de expressão e de imprensa são bens essenciais para o pleno funcionamento da Democracia. Nesse sentido, o trabalho do profissional de imprensa deve ser entendido como parte integrante do sistema de direitos que o Estado tem o dever de proteger.

No domingo, 30 de novembro, o repórter do Jornal Lance!, Bruno Cassucci de Almeida, após o jogo entre Santos e Botafogo, na Vila Belmiro, cidade de Santos, estava registrando a intervenção da Polícia Militar em um confronto entre torcedores quando foi abordado por uma policial que o mandou abandonar o trabalho.

Em seguida, sob a mira de um revólver, segundo declaração do próprio jornalista, recebeu uma revista agressiva, teve todas as imagens registradas apagadas e ainda foi agredido no rosto.

Mas o pior ainda estaria por vir, pois, momentos depois da agressão, um policial se colocou entre o jornalista e a parede, pegou uma bomba de efeito moral, puxou sua calça e colocou o artefato dentro dela em um ato que só pode ser classificado como tortura e maus-tratos.

O que a sociedade testemunhou neste episódio foi a atuação de representantes do governo estadual agindo de forma contrária aos interesses democráticos pelos quais gerações de brasileiros lutaram. A imprensa se faz presente nos eventos para cumprir seu dever de informar o cidadão em benefício da democracia.

Pela presente, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo exige do governo do Estado rigorosa investigação e punição dos agentes envolvidos nesta agressão inclusive com a exoneração, a bem do serviço público, dos envolvidos neste vergonhoso episódio.

A ação das autoridades deve ser no sentido de garantir as prerrogativas dos jornalistas em seu trabalho para que a imprensa possa exercer sua função de informar o cidadão. A cadeia de comando foi quebrada e a punição deve ser exemplar.

Se medidas saneadoras não forem tomadas imediatamente, a própria instituição será desacreditada uma vez que as agressões se repetem cotidianamente sendo registrado dezenas de casos semelhantes. Os casos mais notórios são os dos repórteres fotográficos, Alex Silveira e Sérgio Silva, que perderam a visão atingidos por balas de borracha e da repórter Giuliana Vallone (atingida também no olho), todos cobrindo manifestações em vias públicas a trabalho e devidamente identificados como representantes da imprensa.

Esperamos que este pleito será plenamente encaminhado pelas autoridades, a justiça será estabelecida e a liberdade de imprensa garantida pois, se o poder público tenta impedir por meios violentos a livre divulgação da informação, pratica censura como nos piores momentos da ditadura”.

 

Foto: André Freire

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