Morosidade, incompetência e intransigência patronal faz campanha salarial se arrastar por 5 meses
Finalmente, depois de cinco meses da data base e de muita complicação por parte do sindicato patronal, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) recebeu oficialmente, na última sexta-feira (23), a Convenção Coletiva de Trabalho que garante salários reajustados e amplia direitos dos jornalistas do Interior, Litoral e grande São Paulo, até 1º de junho de 2013. A assinatura dos patrões só saiu depois de muita pressão do Sindicato, incluindo uma viagem à Piracicaba para recolher a assinatura do presidente do Sindijori na sexta-feira (23/11) da semana passada.
Os valores negociados e que devem ser pagos retroativo a 1º de junho para os jornalistas são os seguintes:
Piso salarial: 5h – R$ 1.810,00 e 7h – R$ 2.896,00 (reajuste de 5,85% ou 0,94% de aumento real).
Reajuste salarial: para salários até R$ 6 mil (5,5% ou 0,61% de aumento real); para salários acima de R$ 6 mil, 5,5% de aumento até o valor e 5% para a faixa acima deste valor.
PLR de R$ 800,00, auxílio creche de R$ 266,98; Cesta básica de R$ 165,00 ou vale refeição de R$ 7,50/dia.
Para a direção do Sindicato, o atraso na assinatura foi provocado pela morosidade, intransigência e indefinição do sindicato patronal, o Sindjori. “Desde o início do processo negocial, o clima na bancada patronal era de flagrante confusão e falta de autonomia na mesa de negociação”, afirmam os dirigentes. “Vale lembrar que, já na primeira reunião marcada para o início da negociação, a entidade patronal sequer avisou seus negociadores e deixou os trabalhadores esperando do lado de fora. Só depois veio a desculpa de que houve desencontro de informação a respeito do cancelamento da reunião”, relembram.
Sem autonomia
Durante os meses de negociação, era visível também o esvaziamento da bancada patronal em todas as rodadas e a falta de autonomia na tomada de decisões. “Ao contrário das campanhas anteriores, que sempre tiveram a participação de um número significativo de representantes das empresas, neste ano aconteceram reuniões em que participaram apenas dois representantes do sindicato patronal, enquanto a bancada dos trabalhadores sempre foi reforçada por um número significativo de dirigentes que representam a categoria em várias regiões do Estado”, destacam.
Depois de idas e vindas, várias rodadas com propostas rejeitadas na mesa e uma em plebiscito com a participação da categoria em todo o interior e litoral, finalmente Sindjori e SJSP chegam a uma proposta final que foi aprovada pela maioria dos jornalistas em nova consulta. Tudo caminhava para acelerar o desfecho que garantisse salários reajustados e pagamento retroativo à categoria, não fosse o desrespeito e a intransigência dos patrões. De novo, agora em torno da redação da nova CCT, apesar da pressa da categoria e da cobrança diária do SJSP.
Fábrica de boatos
Seja por incompetência ou má-fé, fato é que o sindicato patronal então apelou para ataques gratuitos contra o SJSP, provocando uma onda de desinformação em várias redações, principalmente no interior paulista. “Os boatos foram espalhados certamente na tentativa de abafar a própria incompetência e de confundir a categoria”, alertam os sindicalistas.
Em resumo, o tiroteio verbal dos patrões anunciava que o SJSP estava desinformado, já que o sindicato patronal havia comunicado às empresas sobre o fechamento da campanha salarial. Não é verdade. Bastou uma rápida consulta do Sindicato a alguns jornais e revistas do interior e grande São Paulo para apurar que nem todas as empresas haviam recebido comunicado do Sindjori. Mais que isso, o SJSP constatou que, em algumas empresas, “o pessoal de RH se mostrou preocupado, pois tem que fechar a folha de pagamento do mês de novembro, pagar o 13º salário e, até o momento, não recebeu nenhum comunicado do sindicato patronal a respeito dos valores da nova CCT”.
Prática antissindical
Mais grave é a versão de que a Campanha Salarial só terminou agora por omissão e irresponsabilidade do Sindicato dos Jornalistas. Mais uma tentativa de difamação gratuita e mal intencionada de quem “esquece” que o papel do Sindicato, como entidade legítima e representativa dos jornalistas, é o de defender salários mais justos e melhores condições de trabalho inclusive na negociação da CCT.
“É de interesse dos trabalhadores que a campanha salarial se encerre o mais breve possível e com respostas positivas para os trabalhadores em suas reivindicações, mas a bancada patronal prefere transformar a mesa de negociação num verdadeiro ‘muro das lamentações’ para dizer ‘não’ às justas reivindicações da categoria. Não vamos cair nesse jogo baixo e mentiroso”.