Na noite da última terça-feira, 10 de setembro, a diretora executiva Paula Zarth Padilha representou a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) no debate “Estado Democrático e Liberdade de Imprensa”, no lançamento em Curitiba da campanha #MoroMente, evento promovido pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Mediado pelo advogado Nuredin Allan, integrante da ABJD, o debate teve também a participação da jornalista Ana Carolina Caldas, do Brasil de Fato Paraná, do professor e advogado criminalista José Carlos Portella Jr, e do promotor de justiça Márcio Soares Berclaz.
Paula Zarth Padilha abordou a defesa do sigilo de fonte, da liberdade de imprensa e da legitimação do jornalismo em publicar informações de interesse público para validar as notícias publicadas pelo site The Intercept Brasil e outros sites parceiros, como Folha, El País e Veja, com denúncias da chamada Vaza Jato.
A dirigente falou sobre os posicionamentos públicos da FENAJ na atual conjuntura, em que o presidente da República, Jair Bolsonaro, ataca jornalistas e deslegitima o jornalismo mas que no ato de 7 de setembro estava ao lado de Edir Macedo e Silvio Santos, dois empresários das TVs SBT e Record. “É preciso que todas as entidades da sociedade civil organizada, que movimentos sociais e sindicais legitimem o protagonismo do jornalismo na atual conjuntura, para além do fomento às contra-narrativas, defendendo o sigilo de fonte, a apuração e a checagem do trabalho jornalístico”, disse.
Sobre a atuação da FENAJ, Paula ressaltou trechos da Carta de Fortaleza, documento político do 38º Congresso Nacional dos Jornalistas, com o posicionamento da entidade pelo fim do governo Bolsonaro, pela liberdade do ex-presidente Lula e contra os retrocessos, como a reforma da Previdência, num contexto de ataque aos direitos dos trabalhadores, com a reforma trabalhista e o discurso privatista de empresas públicas.
A entidade também foi lembrada como articuladora de atos em defesa da profissão a partir dos ataques sofridos pelo site Intercept Brasil, como os que ocorreram na ABI, no Rio de Janeiro, e, na última segunda-feira, 9 de setembro, em São Paulo.
Os juristas abordaram aspectos relacionados à legalidade da Operação Lava Jato, defenderam também um ativismo contra-hegemônico na advocacia e que o conteúdo dos vazamentos pode ser utilizado pelas defesas dos réus na operação. A jornalista do Brasil de Fato falou sobre a importância da contra-narrativa, que tem forte atuação no Estado do Paraná.
Durante o ato, o Instituto Declatra lançou o livro “Relações Obscenas”, com resenhas de juristas sobre a publicação de vazamentos das mensagens de telegram dos procuradores da operação Lava Jato, pelo site The Intercept Brasil.