Nesta terça-feira (11), profissionais de imagem saúdaram em ato público realizado no Rio de Janeiro, a memória do repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade, 49 anos, que teve morte cerebral anunciada na segunda-feira, 10. Com as câmaras colocadas no chão, os jornalistas lembraram o profissional Santiago, reunindo-se duas vezes, na Candelária e diante da Central do Brasil, no local onde o repórter cinematográfico foi atingido por um rojão, durante a cobertura do confronto entre policiais militares e manifestantes que protestavam contra o aumento da tarifa de ônibus. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e Associação dos Repórteres Cinematográficos de São Paulo (Arfoc/SP) estão solidários aos profissionais do Rio de Janeiro. Nesta segunda-feira divulgaram a nota As duas mortes dos cinegrafistas da Band – a opinião do SJSP e Arfoc/SP pedindo providências e relatando as más condições de trabalho na BAND.
Reação: Emocionados e indignados com a morte do cinegrafista Santiago Andrade, cerca de 60 jornalistas compareceram ao sindicato na noite de ontem (10) para discutir as reações dos trabalhadores da imprensa carioca a esse trágico episódio e contra a violência a todos os jornalistas que cobrem as manifestações na cidade. Listamos abaixo todas as sugestões, que deverão ser realizadas em conjunto por sindicato e categoria:
– Apresentar denúncia ao Ministério Público do Trabalho contra a Band para exigir que a emissora constitua um protocolo de segurança. O método poderá ser aplicado em outras empresas. O protocolo garante que o jornalista terá equipamentos de proteção individual, logística adequada, equipe de apoio e treinamento periódico;
– Ato em Solidariedade e em Defesa dos Jornalistas na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) hoje, às 19h, com a participação da categoria e de entidades jornalísticas e de direitos humanos;
– Acompanhamento diário das investigações do caso que vitimou Santiago Andrade;
– Dar ênfase à campanha salarial dos jornalistas, que está em curso e prevê a normatização de uma série de medidas de segurança do trabalho que hoje não são adotadas nas empresas, além de garantir o pagamento de adicional de periculosidade;
– Reuniões periódicas nas redações e a divulgação de uma carta aberta às chefias pedindo maior segurança para os profissionais;
– Rodada de conversas com manifestantes de movimentos sociais organizados e profissionais da mídia alternativa para explicar, de uma vez por todas, que jornalista é trabalhador e não patrão. Essa aproximação pode ajudar a dirimir a hostilidade nas ruas;
– Nota coletiva assinada por entidades ligadas à defesa dos direitos humanos, nacionais e internacionais, em defesa dos jornalistas e de repúdio à violência nas manifestações;
– Denunciar o clima de insegurança em que vivem os jornalistas do Rio hoje à Organização Internacional do Trabalho (OIT);
– Requisitar audiência com o ministro do Trabalho – com auxílio de entidades nacionais, como a Fenaj – para reivindicar rigor no cumprimento de normas de segurança para os jornalistas;
– Articular a formação de comissões de redação para fortalecer o diálogo entre a base da categoria e a diretoria do Sindicato;
– Solicitar audiência pública na comissão de Trabalho da Alerj sobre a violência contra jornalistas, a exemplo da que foi realizada em novembro na Câmara Municipal do Rio;
– Cobrar do governo do Estado medidas específicas para garantir a segurança do jornalista durante o exercício da profissão;
– Elaboração de uma cartilha com orientações sobre equipamentos e procedimentos de segurança para os jornalistas que cobrem as manifestações;
– Formação de um comitê sindical, e da categoria, nos atos para identificar profissionais em situação de risco, notificar empregadores e dar publicidade aos casos de violência;
– Criação de um comitê jurídico que acompanhe e dê publicidade a investigações, tramitação de processos e julgamento dos acusados, militantes ou policiais, de crimes contra jornalistas;
– Formação de um grupo de jornalistas encarregado de reuniões com representantes do executivo (Ministério da Justiça, Secretaria de Direitos Humanos; governo estado, Secretaria de Segurança), legislativo (presidência de Senado, Câmara, Assembleias estaduais e Câmaras municipais e respectivas comissões de direitos humanos) e judiciário (Ministério Público) sobre os casos de violência contra jornalistas no exercício profissional.
Fonte: Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Município do Rio de Janeiro e Arfoc/SP