O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo através da Regional Campinas iniciou essa semana com visitas às redações da CBN, RAC e TVB para divulgar a Campanha de Sindicalização. O objetivo é ampliar o quadro de sindicalizado e, consequentemente, fortalecer ainda mais nossa luta pela ampliação de direitos e melhorias das condições de trabalho dos jornalistas.
Durante as visitas, realizadas na segunda-feira (18), as Secretárias de Cultura e Comunicação, Lílian Parise e de Sindicalização, Márcia Quintanilha e a diretora, Fernanda de Freitas, aproveitaram para informar a categoria sobre a Campanha Salarial de Rádio e TV que se inicia em dezembro/13.
A noite foi a vez do “Encontro do Interior – Futuro do Jornalismo: Realidade da Profissão”, organizado pela regional em parceria com a PUC-Campinas. Cerca de 70 pessoas, entre jornalistas e estudantes de Jornalismo, compareceram ao evento que contou com os debatedores: professora Dra. Roseli Aparecida Figaro Paulino, docente da pós-graduação em Ciência da Comunicação da USP e organizadora do livro “As mudanças no mundo do trabalho do jornalista”; Paulo Zocchi, diretor do Sindicato dos Jornalistas e da FENAJ e editor na Editora Abril, o professor Dr. Carlos Zanotti, doutor em Ciência da Comunicação pela USP e professor da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas e o diretor da Regional Campinas, Agildo Nogueira Jr.
Também participaram do encontro o Secretário do Interior, Edvaldo Antonio de Almeida, as Secretárias de Cultura e Comunicação, Lílian Parise e de Sindicalização, Márcia Quintanilha e as diretoras da Regional Campinas, Edna Madalozzo e Fernanda de Freitas.
Pesquisa apresenta realidade emblemática para os jornalistas
O centro da discussão foi a pesquisa “O perfil do jornalista e os discursos sobre o jornalismo. Um estudo das transformações no mundo do trabalho do jornalista profissional em São Paulo”, coordenada pela professora Roseli do Grupo de Pesquisa Comunicação e Trabalho, da ECA/USP.
A partir desse levantamento entraram no debate temas como a disputa entre assessor de imprensa e repórter de redação; fonte x personagem; apuração da matéria x despreparo do profissional; ritmo intenso de trabalho x aceleração da produção, além do crescimento das vagas de PJ sob a desculpa de empreendedorismo.
A pesquisa aponta o aumento da precarização do trabalho jornalista, a aceleração no ritmo de trabalho com a chegada das novas tecnologias e a dificuldade de organização da categoria para lutar por seus direitos, entre outros problemas.
“Eu acho que a pesquisa traz um retrato das dificuldades, dos avanços, dos problemas e das preocupações dos jornalistas que já estão no mercado de trabalho e também traz para o jovem estudante o desafio dele pensar como fazer diferente, como ele se preparar para não passar pelas mesmas dificuldades, ou como ele conhece melhor os problemas que o espera para que ele possa, de fato, se dedicar o quanto a profissão merece”, explica Roseli.
Sobre os ataques aos direitos trabalhistas, a docente acredita que cabe ao jornalista, que já está atuando e também ao futuro profissional, que vai entrar no mercado de trabalho, se organizar para enfrentar os problemas apontados pela profissão. Além disso, o levantamento contribui para que, principalmente, o estudante de Jornalismo conheça ou tenha alguma ideia do que o espera enquanto mercado de trabalho, de forma que ele possa refletir de maneira mais aprofundada sobre a sua própria produção e sobre como ele vai se portar diante dos desafios da profissão.
Questionada sobre a importância da organização da categoria a docente foi categórica em afirmar que o jornalista deve refletir sobre como a situação não é só particular dele. Não é só ele que está sofrendo com determinadas condições de trabalho. Então ele tem que se juntar aos outros que estão na mesma situação para reivindicar melhorias. “Nesse sentido eu acho que não inventaram ainda outra forma, a organização sindical é a principal forma de todos nós nos colocarmos em relação a esse dilema que não é novo, entre capital e trabalho, eu acho que não tem outro jeito”, defende ela.
Professor defende que o Jornalismo não mudou e alerta estudantes
O professor da PUC-Campinas, Carlos Zanotti, expressou seu descontentamento diante do fato de que quase 50% dos jornalistas formados, que responderam a pesquisa, não defenderem a exigência da formação para o exercício da profissão. “Eu me sinto desconfortável em defender o diploma como professor enquanto que aqueles que passaram pela faculdade acham desnecessária a formação”, conclui.
Sobre o sindicato o docente diz que “a entidade é importante porque moralizou e ajudou a regulamentar a profissão de jornalista”. E a respeito das transformações do Jornalismo, Zanotti acredita que nada mudou ao longo dos anos, porque o exercício da profissão ainda exige apuração séria, criatividade, fonte de qualidade, redação e sintetização da história/fatos, imparcialidade e profissionalização. Para ele a produção continua igual, o problema é que nós temos que saber, de fato, o que é “ser jornalista”.
Zanotti finalizou afirmando que a transformação da Comunicação, ou seja, a democratização, não se dará necessariamente na origem da produção do Jornalismo (redação) ou da formação (faculdade) e, sim, aonde ele chega: o leitor. Cabe ao “destinatário” exigir informação de qualidade e isenta.
O diretor do Sindicato dos Jornalistas e da FENAJ, Paulo Zocchi, lembrou que a sociedade tem direito à informação social, de qualidade e transparente. E o jornalista precisa ser qualificado para dar conta desse processo. “Informação e formação é essencial para entregar matéria de qualidade”, diz.
O sindicalista explica que o profissional tem dificuldade em entender as relações de trabalho, principalmente, quando envolve a pejotização que vem disfarçada de empreendedorismo, mas que na verdade é permeada pela exploração trabalhista e desrespeito aos direitos do jornalista. Para ele, é importante intensificar a fiscalização das empresas e garantir melhores condições nas relações de trabalho, papel essencial exercido cotidianamente pelo Sindicato dos Jornalistas.
Os debatedores foram unânimes em afirmar que precisamos unificar os jornalistas para defender o nosso trabalho, já que são os nossos direitos que estão sendo atacados. E também reafirmaram a importância do sindicato como entidade aglutinadora de defesa e de lutas da categoria. “É essencial a sindicalização do jornalista, pois assim teremos mais força para melhorar as relações trabalhistas e as condições de exercício da profissão e, principalmente, transformar a realidade do mundo do trabalho”, defende a diretora da Regional Campinas, Fernanda de Freitas.
Cervejada animou a categoria
Na terça-feira (19) foi a vez dos profissionais aproveitarem a 2ª Cervejada dos Jornalistas, que reuniu mais de 200 pessoas numa festa open bar em Campinas.
Esse ano, o festejo foi conduzido pelo DJ Risada e os jornalistas Djs Gregori e Shetara que não pouparam a energia dos presentes animando a festa madrugada afora. Pelo tamanho do sucesso, e o gostinho de quero mais, ao que tudo indica a confraternização fará parte do calendário da Regional Campinas.
A cervejada contou com o patrocínio da Habicamp e o apoio do Clube Regatas e da Pastelaria Voga. Além de arrecadar produtos de higiene para crianças em prol do projeto social da Casa Mãe Maria Rosa.
Campanha de Sindicalização continuará neste mês
Na quinta-feira (21/11) a Campanha de Sindicalização continuou a todo vapor contando também com a confecção da carteira FENAJ.
A equipe do sindicato e as diretoras da Regional Campinas, Edna Madalozzo e Fernanda de Freitas, também visitaram a RAC. Para as próximas semanas, estão previstas visitas às redações de outras empresas de Comunicação. Fique atento ao calendário que será divulgado pela Regional Campinas.
Por Fernanda de Freitas
Diretora da Regional Campinas