O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), através da Regional de Sorocaba, recorreu ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para abrir negociações com o jornal Cruzeiro do Sul, que desde o final do ano passado já demitiu oito jornalistas, dos quais três na última segunda-feira (2).
Desde que iniciou a série de demissões, o jornal, ligado à Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), tem evitado o diálogo com o Sindicato – diferentemente do histórico de relações respeitosas e cordiais que sempre existiram. Esse rompimento unilateral de negociação obrigou o Sindicato a recorrer ao MPT.
A diretora da Regional de Sorocaba do SJSP, Fabiana Caramez, afirma que a empresa sempre esteve aberta para conversar com o Sindicato, mas diante da onda de demissões, se nega a dialogar. “Manter diálogo na bonança é fácil. Fechá-lo nos momentos críticos é muito ruim e demonstra desrespeito aos trabalhadores”, argumenta a dirigente sindical.
Vale lembrar que, em abril, o Sindicato notificou o RH da empresa solicitando abertura de negociação sindical, em virtude de notícias de que o jornal iria realizar “dispensa coletiva de trabalhadores”, incluindo jornalistas.
Na oportunidade, o editor-chefe do jornal chegou a consultar a redação sobre as possíveis demissões e propôs que aqueles que tivessem interesse em se desligar da empresa se apresentassem. No entanto, sem formatar um Programa de Demissão Voluntária (PDV) com a necessária participação e negociação com o Sindicato. Os profissionais não teriam, portanto, nenhum benefício com o desligamento. Imediatamente, o Sindicato orientou os jornalistas a não se pronunciarem e solicitou formalmente uma reunião com a empresa para tratar do assunto. Não foi atendido.
Na última segunda-feira (02), o jornal, que emprega cerca de 140 funcionários, dos quais 48 na redação e 20 no setor gráfico, demitiu três jornalistas. Na última semana, o jornal já havia demitido dois trabalhadores da redação que não estavam enquadrados como jornalista: um que tinha a função de descarregar e arquivar fotos e outro que editava os vídeos feitos pelos fotógrafos e repórteres; dois funcionários do setor comercial e cinco da sucursal de São Paulo.
É o terceiro grande corte na empresa. Desde o começo da crise dos impressos, o Cruzeiro do Sul realizou demissões em todos os setores, terceirizando principalmente a área administrativa.