A Sociedade Interamericana de Imprensa – a SIP, na sigla em espanhol – realiza em São Paulo, entre os dias 12 e 15 de outubro, sua 68ª Assembléia Geral. A entidade patronal alardeia que o encontro tem o “objetivo de defender a liberdade de expressão, de imprensa e o direito do cidadão à informação”.
O encontro, na verdade, não é um fórum de debate, menos ainda de construção ou defesa dos princípios do jornalismo, mas sim, um encontro de grandes empresários latino-americanos do ramo da comunicação preocupados em manter a prática da liberdade de empresa e o monopólio da opinião publicada.
A SIP comanda, na América Latina, uma campanha contra toda forma de regulação e democratização da mídia, inclusive para continuar dominando os meios de comunicação que são concessões públicas rotineiramente usados para fins privados. Não por acaso, a entidade se posicionou também oficialmente contrária à realização da 1ª Confecom brasileira e aplaudiu a decisão do STF (Superior Tribunal Federal) de eliminar a necessidade de formação superior e do diploma específico para o exercício do jornalismo.
Além do mais, pesa sobre a entidade com sede em Miami, sérias denúncias de ter sido instrumentalizada pela CIA, agência de informações do governo norteamericano, durante a Guerra Fria e de ter incentivado uma série de golpes de estado em diversos países, como na Guatemala em 1954, no Brasil em 1964, no Chile em 1973 e mesmo na Venezuela do governo Chaves.
A SIP reúne oligopólios da comunicação com fortes parcerias econômicas e políticas em seus países. São empresas que se associam para manter o controle total do mercado de comunicação e defender os interesses do capital, sempre sob a lógica de aumentar seus já altos lucros. Para esses empresários, o apelo aos direitos da cidadania e da liberdade de expressão é mero jogo oportunista de palavras, pois, ao privilegiarem os interesses econômicos, traem a verdadeira liberdade de imprensa e o direito dos cidadãos e cidadãs à livre circulação da informação.
As empresas que agora se reúnem em São Paulo são as mesmas que promovem o desemprego, a precarização das condições de trabalho dos jornalistas, o desrespeito das mais elementares leis trabalhistas e o descumprimento das Convenções Coletivas assinadas com os Sindicatos de trabalhadores.
A contradição entre o discurso manipulador e a prática empresarial é escancarada e tem motivado a sociedade civil a realizar veementes protestos, como o que ocorre paralelamente à realização da assembléia da SIP agora em São Paulo, manifestações que contam com o apoio do Sindicato e dos Jornalistas.
É por isso que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo repudia a tentativa fracassada da SIP de manipular e distorcer o conceito de Liberdade de Imprensa e conclama cidadãos e autoridades comprometidos com a luta contra o monopólio a construir um grande movimento pela implantação de um novo marco regulatório para garantir a verdadeira democracia na mídia, com respeito às leis republicanas, valorização dos profissionais da comunicação, contrapartidas sociais e compromisso ético.
Direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de SP