O 1º. Encontro de Professores de Assessoria de Imprensa (EPAI), organizado pela Comissão Permanente e Aberta de Jornalistas de Assessoria de Imprensa (CPAJAI), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), reuniu no sábado (24), no Auditório Vladimir Herzog, na sede do sindicato, profissionais de diversas universidades de São Paulo.
O encontro inédito teve como objetivo abrir e consolidar a interlocução entre docentes, universidades e CPAJAI, com benefício tanto para jornalistas, dos quais 70% atuam em assessoria de imprensa no País, segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), quanto para professores. Estes costumam lecionar para jovens que, em sua maioria, ainda veem a Assessoria de Imprensa como uma segunda opção. Ao iniciarem estágios em assessorias conduzidas por jornalistas, descobrem que a atividade exige mais do que imaginavam, assim como a importância desse profissional na assessoria de comunicação.
“Quanto mais jornalista o assessor de imprensa conseguir ser, melhor”, diz o professor André Naveiro Russo, da PUC e Belas Artes. Como outros professores participantes, ele acredita que estudantes de jornalismo estão cada vez menos resistentes ao segmento, antes visto com preconceito. A Metodista é uma das primeiras universidades a incluir a Assessoria de Imprensa como disciplina no curso de Comunicação Organizacional, de acordo com relato do professor Eduardo Grossi. Para ele, o aluno já não é tão crítico como naquela época, início dos anos 2000, em que muitos achavam que assessoria de imprensa não era jornalismo. “Hoje, as assessorias estão assumindo profissionais de Jornalismo e de Relações Públicas”, diz.
“O jornalista tem papel essencial na mediação com a mídia, na produção do conteúdo jornalístico. Ele é o mais preparado”, afirma Paulo Roberto Botão, professor de Fundamentos do Jornalismo e coordenador do Curso de Jornalismo da Metodista de Piracicaba. Segundo ele, o maior desafio é como trabalhar questões das mídias sociais. Botão é secretário da Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (Abejor), que realiza de 18 a 20 de abril, em Palmas, TO, o 17º. Encontro Nacional de Professores de Jornalismo, em que coordenadores debaterão estágio de jornalismo.
O encontro produziu intensa troca de informações, com algumas conclusões, como a preferência das assessorias por profissionais com formação em jornalismo, após a não obrigatoriedade do diploma; a maioria dos formandos seguindo para atuação em assessoria de imprensa, comunicação organizacional; mudanças nas relações de intermediação do assessor entre fonte e redação; questionamentos sobre se é preciso ou não estabelecer novas estratégias de atuação do assessor de imprensa, o que fará para manter informações verdadeiras; a responsabilidade do professor de assessoria de imprensa pela mídia social, já que 70% dos jornalistas atuam no setor.
Troca de informações
Esse encontro é mais para ouvir os professores, disse o jornalista João Luiz Marques, coordenador da CPAJAI desde 2016, na abertura do encontro. Citou o primeiro Manual de Assessoria de Imprensa, idealizado durante o II Encontro Paulista de Jornalistas de Assessoria de Imprensa e de Publicações Empresariais, em 1984; a realização de 26 Encontros Estaduais de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (EEJAI), com teses apresentadas nos Congressos Nacionais de Jornalistas, e outras iniciativas da Comissão, realizadas em conjunto com o sindicato. Pontuou questões mais debatidas ontem e hoje, como precarização do trabalho do jornalista, a velha discussão de que assessor não é jornalista e o trabalho do assessor com novas mídias.
O professor Gilberto Lorenzon, que propôs a realização do Encontro de Professores, declarou que os debates promovidos nos encontros organizados pela CPAJAI são de grande riqueza. Resultam em vários diagnósticos, um raio X do que acontece em termos de assessoria em todo o Brasil, permitindo ao professor se abastecer desse conhecimento e transmitir aos alunos. Para ele, o Encontro de Professores tem esse movimento: trazer o professor para dentro da comissão e a abertura da comissão para o professor, um caminho de ida e vinda.
A jornalista Evany Sessa, diretora do Sindicato, destacou que a realização de eventos como esse, cursos e oferta de convênios para jornalistas em redações de publicações e assessorias são formas de manter o SJSP, prejudicado pela “reforma” trabalhista. O evento também contou com a presença da jornalista Denise Santana Fon, integrante da CPAJAI, criada no começo dos anos 1980.