O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) se soma à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal para repudiar os acontecimentos desta terça-feira, 9 de novembro, na Câmara dos Deputados, que representaram um brutal e inaceitável ataque à democracia por parte do presidente da casa, Hugo Motta, e de seus aliados.
Jornalistas que cobriam o Plenário da Câmara dos Deputados foram retirados do local pela Polícia Legislativa, de forma violenta; parlamentares sofreram agressões e cerceamento por parte da Polícia Legislativa; e o sinal da TV Câmara foi propositalmente derrubado, de modo a impedir e portanto censurar a transmissão ao vivo dos acontecimentos na casa.
A ordem para que repórteres setoristas, repórteres-fotográficos e cinematográficos e assessores de imprensa de parlamentares fossem retirados do Plenário pela Polícia Legislativa, e assim impedidos de realizar seus trabalhos, partiu do presidente Hugo Motta. Por outro lado, a interrupção da transmissão pela TV Câmara, que afetou também o trabalho de profissionais da tevê pública, é inusual e não poderia ocorrer sem autorização de Motta ou da Mesa da Câmara dos Deputados.
As agressões aos profissionais aconteceram logo depois que o deputado Glauber Braga ocupou a cadeira da Presidência, em resposta ao anúncio de Motta de que o processo de cassação do parlamentar do PSOL iria a votação em plenário.
Além disso, Braga se opõe à votação do projeto que visa diminuir a pena de Jair Bolsonaro e demais envolvidos nas tramas de golpe de Estado de 2022 e nos atentados à democracia do 8 de janeiro de 2023 — pautado repentinamente por Motta na manhã de terça, o PL acabaria sendo aprovado na madrugada desta quarta, 10 de dezembro, por 291 votos favoráveis e 148 contrários, com uma abstenção (setenta e sete parlamentares se ausentaram).
Braga vem sendo perseguido após denunciar o orçamento secreto e os atos do ex-presidente da casa, Arthur Lira. A cassação do deputado psolista foi aprovada na Comissão de Ética com base no fato de que, meses atrás, ele reagiu às provocações de um militante de extrema-direita dentro da Câmara.
O cerceamento do trabalho das(os) jornalistas e do direito de informação da população brasileira ocorre exatamente na véspera do 10 de dezembro, quando comemoramos os 77 anos da instituição da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece os direitos à informação, à liberdade de expressão, a julgamento justo, à liberdade de movimento e, ainda, o direito de participar da vida política do seu país, entre outros direitos humanos fundamentais.
Por essa razão e também por considerarmos que estes episódios ferem as liberdades democráticas, o SJSP e a Fenaj exigem rigor na apuração e a responsabilização do presidente da Câmara, Hugo Motta, assim como dos que executaram as agressões a jornalistas e parlamentares e de quem praticou a censura ao cortar o sinal da TV Câmara. Trata-se de mais um grave atentado à democracia brasileira.
O SJSP estende seu apoio a todas(os) as(os) colegas da imprensa impedidos de exercer seus trabalhos, bem como às e aos parlamentares agredidos pela Polícia Legislativa ao tentarem barrar mais um dos tantos absurdos que a Câmara dos Deputados tem pautado nos últimos dias.
Basta de censura!
Reforçaremos a defesa da democracia, de ambientes seguros de trabalho e saúde dos(as) trabalhadores(as) da imprensa, fim da precarização e pejotização, assuntos pautados no Congresso Nacional dos Jornalistas, que começa nesta quarta-feira (10/12), com o ato “Basta de censura! Em defesa dos jornalistas e pela PEC do Diploma”, que se realizará no Anexo 2 da Câmara dos Deputados, às 14h.
Venha fortalecer a mobilização e reforçar que não aceita nem ataques a jornalistas, nem a profanação de nossa democracia. Sem anistia para golpistas!
SJSP
10 de dezembro de 2025


