No próximo dia 12, acontece no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, o lançamento do livro “Ninguém pode se calar”, do advogado e jornalista Antonio Pinheiro Salles, baiano radicado em Goiás desde que saiu do Presídio Tiradentes, de São Paulo, em 1979, depois de nove anos de prisões e torturas em vários presídios do Rio Grande do Sul e de São Paulo. O livro é a transcrição do seu relato à Comissão Nacional da Verdade (CNV), que aconteceu em uma das salas onde funcionava a CNV, no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, no dia 18 de setembro de 2013. Um verdadeiro roteiro do terrorismo de estado da Ditadura Militar no Brasil.
“Se cometi erros – diz Pinheiro Salles, que hoje integra a diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Goiás e é vice-presidente da Comissão Nacional de Ética dos Jornalistas, da Fenaj -, não me arrependo do que fiz, sabendo que só não erra a pessoa que nada faz. As dores e os dissabores são normais na trajetória de quem não se esconde atrás dos interesses pessoais ou da pulsilanimidade face às contradições da sociedade atual. Não podemos nos calar quando em nossa frente se levanta qualquer espécie de injustiça. Se um de nós se cala, o espaço fica mais favorável para aqueles que estão procurando multiplicar seus lucros, benefícios e vantagens às custas do sacrifício de pessoas subalternas”.
A jornalista goiana Laurenice Noleto Alves, que acompanhou o depoimento e é uma das apresentadoras do livro, diz que, em mais de quatro horas, Pinheiro deixou muito emocionada toda a comissão que ouvia as suas histórias. “Durante todo esse tempo – diz ela – tive que controlar as lágrimas; precisei tomar goles de água para engolir o choro diante das cenas de terror pintadas com inquestionável precisão. Temperado como o aço, em muitas batalhas, Pinheiro, que é marxista e ateu, quando denuncia o que sofreu e presenciou, de 1970 a 1979, jorra emoção como se estivesse abrindo o peito e deixando falar a sua alma”.
Fazem ainda a apresentação do livro o advogado José Carlos Dias, que foi advogado do Pinheiro, quando preso em São Paulo; e Rosa Maria Cardoso da Cunha, ambos integrantes da CNV.
No livro, Pinheiro conta detalhes das torturas sofridas, com informações precisas sobre data, locais, pseudônimos e nomes verdadeiros de todos os seus torturadores e chefes das equipes, incluindo o delegado Pedro Carlos Seelig, no Departamento e Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul (Dops-RS); Carlos Alberto Brilhante Ustra (Major Tibiriça), no Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna/Operação Bandeirante (DOI-Codi – Oban – SP) ; e Sérgio Fernando Paranhos Fleury, no Deops-SP.
O lançamento do livro “Ninguém pode se calar”, do jornalista Pinheiro Salles, faz parte da programação do Seminário “Terrorismo de Estado: da Ditadura ao Desgoverno Atual”, promovido pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”. O Seminário vai se desenvolver durante todo o dia 13, no Centro Universitário Maria Antônia, na Rua Maria Antônia, 258, Centro, São Paulo.
Serviço
O que: Lançamento do livro Ninguém pode se calar
Quando: 12/03/2020
Horário 18h30
Onde: Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Rua Rego Freitas, 530, Centro, SP.
