A jornalista mexicana Anabel Hernández está jurada de morte. Seu crime? Realizar matérias investigativas para revista e jornal, além de tornar público em seu livro “Los Señores Del Narco” as alarmantes cumplicidades dos altos círculos políticos, policiais, militares e empresariais com o crime organizado mexicano. Desde então, ela participa de um programa de proteção a jornalistas e tem 24 horas por dia a companhia de dois seguranças armados.
Anabel foi uma das palestrantes do Seminário Internacional sobre Violência contra Jornalistas e além de falar sobre a difícil situação dos jornalistas no México, que é considerado um país muito perigoso para o exercício do Jornalismo, onde 80 jornalistas foram assassinados nos últimos dez anos, conversou com o Unidade sobre o tema do Seminário.
Unidade: Com base na sua experiência, como podemos combater a violência contra os jornalistas brasileiros?
Anabel: Penso que alguns pontos são muitos importantes. Primeiro é preciso ter a cultura da denúncia. Denunciar e expor para a sociedade as ameaças. É preciso ter em mente que o passado sempre pode regressar. Também é importante relembrar para a sociedade brasileira da importância do papel dos jornalistas para a implantação do sistema democrático no Brasil, deixando claro que os jornalistas, que precisam ser protegidos pela sociedade civil, não são a voz dos políticos e empresários, mas do trabalhador que não tem voz.
Unidade: Qual o ponto de maior fragilidade dos jornalistas no combate à violência?
Anabel: Não há união entre os jornalistas. Esta é a maior fragilidade que temos e que nos torna um alvo fácil das ameaças, censura e violência. Mas o pior de tudo é a indiferença da sociedade e dos próprios jornalistas com a violência que nos atinge.
Escrito por Vitor Ribeiro/Diretor da Corfep