Caminhada pela democracia marcou a mudança de nome do Minhocão, que passou a homenagear a memória do ex-presidente deposto pelo golpe de 1964
São Paulo – “Pisamos pela primeira vez no Elevado João Goulart”, saudou o o jornalista João Franzin, da Agência Sindical, que participou ontem (14) da Caminhada Cívica por Jango e pela Democracia para marcar a mudançamudança do nome oficial do “Minhocão”, elevado no centro de São Paulo que por 45 anos trazia o nome do general Arthur da Costa e Silva, segundo presidente da ditadura.
Participaram da caminhada familiares do ex-presidente – o filho João Vicente e a filha Denize –, além de lideranças políticas, sindicais e intelectuais, como o ex-senador Eduardo Suplicy, o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Felipe de Paula, o ex-secretário Rogério Sottili, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o vereador Jamil Murad (PCdoB), o ex-senador e ativista italiano José Luiz Del Roio e os jornalistas Audálio Dantas e Luis Nassif. Também estava representado o Fórum dos Ex-presos e Perseguidos Políticos de São Paulo. Moradores do entorno do elevado e frequentadores de final de semana apoiaram a homenagem.
Segundo o diretor do portal Agência Sindical, o que uniu os presentes foi a defesa da democracia e dos nos direitos civis, individuais e trabalhistas, sintetizados na figura de Jango. “Sai o general que baixou o AI-5, que estabeleceu a violência como política oficial do Estado, e entra o presidente democrático, nacionalista, ligado às lutas populares e aos trabalhadores”, diz Franzin.
O jornalista afirma que a homenagem a Jango restaura a memória do presidente deposto pelo golpe de 1964, num momento em que as bandeiras por ele defendidas – expansão dos direitos trabalhistas, reforma agrária e bancária, fortalecimento da Petrobras, dentre outras – estão novamente sob ataque.
“O governo que aí está (em referência ao interino Michel Temer) quer quebrar a CLT em vários pedaços, quer estabelecer o negociado sobre o legislado, quer cortar direitos previdenciários, empurrar uma parte dos recursos da Previdência para a gestão privada e entregar o pré-sal.” Para Franzin, se o golpe em curso não conta com a utilização de tanques e baionetas, “a agressividade contra os direitos dos trabalhadores é igual, ou pior, do que nos primeiros anos da ditadura”.