O DIEESE analisou os dados inseridos no Mediador, do Ministério do Trabalho e Previdência, até a primeira semana de janeiro deste ano, e concluiu que, em 2021, 15,8% dos reajustes negociados no Brasil resultaram em ganhos reais aos salários, quando comparados com o INPC-IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O percentual de resultados iguais a esse índice foi de 36,6%; e abaixo dele, de 47,7%.
A variação real média em 2021 ficou abaixo da inflação: -0,86%.
A situação, no entanto, está sujeita a alterações, pois é esperado que mais resultados de negociações de 2021 sejam inseridos na base de dados do Mediador.
Na comparação com os anos anteriores, 2021 registrou a menor proporção de reajustes iguais ou acima do INPC-IBGE (52,3%). É notória também a piora gradativa dos resultados no período.
Resultados por data-base
Por data-base, a análise revela tendência praticamente ininterrupta de melhora a partir de agosto de 2021, com aumento do percentual de reajustes iguais ou superiores ao INPC-IBGE nos meses finais do ano, até a data-base de novembro.
Em dezembro, houve aparente elevação da proporção de reajustes abaixo da inflação, na comparação com novembro, mas os dados do último mês do ano são ainda preliminares, relativos a apenas 48 negociações, que foram concluídas e registradas até 6 de janeiro de 2022.
2º semestre tem resultados melhores
A taxa de inflação, assim como o nível de atividade econômica e o de emprego, é fator que influencia fortemente o desempenho das negociações salariais. Porém, ao observar a evolução da inflação no período recente, vis-à-vis o desempenho dos reajustes por data-base, é possível notar que as negociações do segundo semestre de 2021 tiveram resultados mais satisfatórios, embora em cenário de crescimento contínuo do INPC até a data–base de novembro (12 meses terminados em outubro/21). Esse comportamento pode ser atribuído a uma maior capacidade de negociação dos sindicatos no período, em cenário que era de forte redução nos indicadores da pandemia.
Cresce parcelamento de reajustes
Característica marcante das negociações salariais de 2021, com tendência crescente desde março passado, foram os reajustes pagos em duas ou mais parcelas. Com participação de pouco mais de 2%, nos dois primeiros meses do ano passado, o número de reajustes parcelados teve aumento de 11,3% na data-base março, atingindo 15,8% em outubro. Em novembro, alcançou 26,1% dos resultados negociados, patamar que praticamente se mantém nos (poucos) acordos e convenções já disponíveis para a data-base de dezembro. Entre 2018 e 2020, os percentuais de reajustes parcelados não ultrapassaram 3%.
Desempenho por regiões
Entre as regiões, o melhor desempenho foi o do Sul do país, como apontado em levantamentos anteriores. Cerca de ¾ das negociações nos estados dessa região resultaram em reajustes iguais ou acima da inflação (27,5% do total estipularam reajustes superiores ao INPC). O Sudeste apresenta, até o momento, o segundo melhor resultado de 2021, com reajustes iguais ou acima do INPC em proporção próxima a 50% do total. Nas demais regiões, o percentual de resultados abaixo do INPC variou em torno de 65%; os reajustes iguais à inflação ficaram entre 18,6% e 28,9%; e aqueles acima do índice inflacionário, representaram cerca de 10%.
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