Na última terça-feira, dia 15/08, a TV Globo exibiu uma edição do programa Profissão Repórter sobre letalidade policial. Uma das situações mostradas foi a desastrosa Operação Escudo, ação em que a Polícia Militar do Estado de São Paulo matou dezesseis pessoas.
Durante as gravações, a repórter Danielle Zampollo visitou a comunidade Prainha, no Guarujá, para apurar o que aconteceu durante a operação. Lá, um policial apontou um fuzil para a jornalista, que estava sozinha filmando o que ocorria. “Eu tinha acabado de chegar lá e estava com o meu celular; tinha deixado a câmera no carro porque fui mesmo para apurar, para checar as informações. E chega ao local uma viatura do COI [sigla para Centro de Operações Integradas], da Polícia Militar”, relata Danielle.
Ela se apresentou como jornalista e foi ignorada pelo policial. Assim que ela começa a gravar com o celular, o agente aponta o fuzil em sua direção. “Eu estranhei. Achei que estivesse acontecendo alguma coisa. Olho para trás e não tem ninguém. Só eu, numa viela estreita. Aí eu vi que era comigo. Ele ficou dezessete segundos apontando o fuzil para mim, sem parar”, conta.
Não fosse o bastante ameaçar Danielle com uma arma, na sequência, o mesmo policial pega um celular e começa a filmar a jornalista. O vídeo se espalhou na internet com a insinuação de que ela estaria lá trabalhando indevidamente, tentando flagrar irregularidades na conduta da PM paulista.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam veementemente a ação violenta do policial contra a repórter Danielle Zampollo, que estava no local fazendo seu trabalho, apurando informações para levar à sociedade um registro fidedigno e honesto sobre o que estava acontecendo na Baixada Santista.
A evidente tentativa de intimidar a prática jornalística é um atentado à democracia e ao direito estabelecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos e previsto em nossa Constituição, em seu artigo 5º, parágrafo XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.”
O Sindicato e a Fenaj também reforçam que estão à disposição para prestar assistência a Danielle e a toda e todo jornalista que seja alvo de intimidação e violência por parte de quem quer que seja. O Departamento Jurídico do SJSP será acionado para que se manifeste formalmente diante da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em repúdio à essa ação policial. Toda a solidariedade à Danielle Zampollo e à equipe da TV Globo.
Leia aqui a moção aprovada no 16º Congresso Estadual dos Jornalistas pedindo o fim imediato da operação escudo.