Após uma semana do crime que teve por vítima, de forma bárbara, a líder quilombola e ialorixá Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete, no último dia 17/08, em Simões Filho, na Bahia, revolta e constrange ao tomar conhecimento dos contornos trágicos que envolveram o assassinato.
O alvo do ódio teve, Mãe Bernadete, uma cidadã, cujas credenciais reúnem a luta pelos direitos humanos, o combate ao racismo, a defesa do respeito religioso e a defesa dos direitos dos povos quilombolas. A ialorixá havia sido secretária de Reparação e Igualdade Racial, do município de Simões Filho.
Ante esse quadro, os colegiados representados pela Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira), vinculada à Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), vêm a público se solidarizar, com clamor para que a justiça não tarde a dar uma resposta cabal ao episódio e faça o indiciamento, julgue e prenda os autores desse homicídio que envergonha a nação.
Até o momento, as forças policiais não deram informações sólidas que nos levem a acreditar que essa violência não ficará na impunidade.
A cobertura sobre a morte traz a memória que a família de Mãe Bernadete já havia sido alvo de um ataque de igual crueldade. Há seis anos, o filho da líder religiosa, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, também conhecido como Binho do Quilombo, foi assassinado com características de crime de mando muito semelhantes. Homicídio que permanece em aberto do ponto de vista de identificar e punir os autores.
Clamamos por justiça que não trará de volta a vida de Mãe Bernadete e Binho do Quilombo, mas representará um alento de que o Brasil não vai mais tolerar tamanha brutalidade em qualquer quadrante do território.
Esperamos que as autoridades constituídas com competência para intervir no caso atuem de forma firme e célere para que a memória de uma pessoa que tanto fez pelo
país seja reconhecida e que o combate seja a última palavra, respeitados preceitos do Estado de Direito e da democracia.
Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira)
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)