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ONU lança prêmio de Jornalismo e Direitos Humanos

ONU lança Prêmio Breach/Valdez de Jornalismo e Direitos Humanos

Um ano após a morte de Miroslava Breach em Chihuahua, o Escritório das Nações Unidas no México anunciou um prêmio de liberdade de imprensa em honra ao jornalista e seu colega Javier Valdez, ambos assassinados em 2017.

O Prêmio Breach/Valdez de Jornalismo e Direitos Humanos é organizado pelo Centro de Informações das Nações Unidas (Unic, na sigla em inglês), o Escritório do Alto Comissariado dos Direitos Humanos no México (ONU-DH), a Universidade Ibero-Americana, o Programa de Imprensa e Democracia (PRENDE), a Agência France-Presse (AFP) e a Embaixada francesa no México.

O prêmio “reconhece a carreira dos jornalistas no México que se destacaram na investigação jornalística pelos direitos humanos”, segundo nota das Nações Unidas destinada à imprensa. Igualmente, o prêmio é uma demonstração do “apoio e reconhecimento ao trabalho de todos os jornalistas que, cotidianamente, arriscam suas vidas no México”.

Vários representantes de organizações apoiadoras do prêmio falaram durante a cerimônia que ocorreu no dia 22 de março. Eles mencionaram o grave problema da impunidade, como a maioria dos ataques contra jornalistas partem de agentes de segurança e funcionários do Estadoe a relação entre imprensa e democracia. Giancarlo Summa, diretor do Centro de Informações das Nações Unidas, disse que “nós queremos incentivar as autoridades para que tomem iniciativas reais e efetivas que ponham fim à impunidade e construam mecanismos de proteção aos jornalistas”, de acordo com a nota de imprensa.

Valdez, jornalista premiado e reconhecido por sua coragem na cobertura do narcotráfico em Sinaloa, foi baleado 12 vezes em plena luz do dia, em 15 de maiode 2017, a poucas quadras de seu local de trabalho. Ele é cofundador do jornal Ríodoce, autor de diversos livros sobre o narcotráfico na região e mentor de muitos jornalistas do mundo inteiro que atuavam no local.

Poucos meses antes do assassinato de Valdez, no dia 23 de março, Miroslava Breach foi morta a  tiros enquanto saía de sua casa e entrava em seu carro em Chihuahua. Ela era uma experiente jornalista com mais de 20 anos de atuação e diretora editorial para o jornal Norte, em Ciudad Juarez. Ela também atuava como correspondente dos jornais La Jornada e El Diario de Chihuahua.

Tanto  Ríodoce quanto Norte, estão fazendo a contagem progressiva dos dias desde a morte de Valdez e Breach e mantêm páginas na internet dedicadas à cobertura dos casos  e a impunidade até o momento.

“O nome do prêmio (…) é uma homenagem e uma resposta à força e ao simbolismo terrível que os sobrenomes Breach e Valdez adquiriram no México porque ao assassiná-losem 2017, os criminosos mandaram uma mensagem preocupante: nenhum jornalista, nem mesmo com reconhecimento internacional, está a salvo da violência, especialmente, quando atacam a corrupção nesse país”, disse a nota de imprensa, em nome dos organizadores do prêmio.

Griselda Triana, comunicadora  e viúva de Javier Valdez, também falou no evento e mencionou o assassinatodo jornalista Leobardo Vázquez Atzin, morto em Veracruz no dia 21 de março, que se tornou o terceiro jornalista assassinado no México neste ano.

“Não há nenhum indício de que os crimes contra os jornalistas vão parar. Então que esse  prêmio lançado hoje sirva de inspiração para que todos os jornalistas corajosos desse país continuem lutando, porque seu trabalho é uma luta constante contra um sistema que não apenas tem sido incapaz de dar garantias à prática jornalística mas está matando os jornalistas novamente quando a justiça não é feita”, declarou Triana.

“Não se sinta desencorajado a continuar escrevendo” disse ela. “ Temos milhões de vítimas nesse país que têm muito a dizer e vocês têm muito o que contar ; e esse direito nada nem ninguém pode retirar. Isso é um incentivo para não recuar, porque a incapacidade do sistema não pode abater vocês, e não pode nos abater”.

Outro prêmio foi anunciado em memória a Breach em outubro de 2017. O prêmio Miroslava Breach reconhece trabalhos acadêmicos e jornalísticos focados em “Sistemas de poder e violência contra jornalistas na América Latina”.

O artigo vencedor deste ano foi “Calar as vozes, ocultara verdade: violência contra jornalistas em Veracruz”, escrito pela Dra. Celia del Palacio, coordenadora do Centro de Estudos da Cultura e da Comunicação na Universidade Veracruzana, no México, e pelo Dr. Alberto J. Olvera, pesquisador do Instituto de Pesquisas Histórico-Sociais na Universidade Veracruzana. Veracruz é considerado o Estado mais perigoso para a prática jornalística no México.

 

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