Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Logo da Federação Internacional de Jornalistas
Logo da Central Única dos Trabalhadores
Logo da Federação Nacional de Jornalistas

Nova lei é inconsistente e difícil de ser compreendida, diz juiz

Nova lei é inconsistente e difícil de ser compreendida, diz Juiz do Trabalho

Foto: Antônio Cruz/Agência BrasilA nova Lei Trabalhista, que o golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) vendeu ao País como uma das únicas saídas para a retomada da economia, está criando mais problemas do que soluções.

A argumentação dos parlamentares governistas, ao votar a toque de caixa a Lei 13.467/17, sem a necessária ampliação do debate, era a de que, além de gerar milhares de empregos, garantiria a segurança jurídica. Mas não é isso o que está ocorrendo na prática.

Além de rasgar a CLT e acabar com direitos históricos dos trabalhadores e trabalhadoras, a nova lei é inconsistente e de difícil compreensão no meio jurídico, com conteúdos desconhecidos e termos mal empregados. O resultado foi a queda drástica no número de ações trabalhistas porque os próprios advogados não sabem como aplicar a nova legislação.

“A lei é realmente de difícil aplicação porque foi feita de forma muito rápida, sem discussão, aparentemente por pessoas que não entendiam muito bem do assunto, e o resultado é esse que estamos vendo agora: os advogados simplesmente não sabem aplicar a nova lei”, explica o juiz Rodrigo Trindade de Souza, presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 4ª Região (Amatra-IV), em entrevista ao Jornal do Comércio.

Dados do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), o maior do país, com abrangência na Grande São Paulo e Baixada Santista, apontam que as ações trabalhistas registradas no tribunal caíram pela metade desde que entrou em vigor a nova legislação. Do dia 11 de novembro até 31 de dezembro de 2017, a 2ª Região teve apenas 24.918 processos, ante 55.479 em igual período do ano anterior, uma queda de 55%.

O juiz Rodrigo Trindade esclarece que a queda de ações na Justiça do Trabalho não foi porque os conflitos trabalhistas diminuíram, mas consequência de “inconsistências e obscuridades” na lei.

“Nesse começo de 2018, ninguém tem condição de dizer com segurança para quem se aplica a reforma Trabalhista e a partir de quando ela é aplicada”

Segundo ele, as propostas da reforma Trabalhista não tinham a intenção de modernizar o mundo do trabalho. “E também não tinha a intenção de permitir maior empregabilidade, aumento de renda dos trabalhadores e aumento da lucratividade em longo prazo para os empresários”, completa o juiz, ressaltando que essas foram as críticas feitas pelos especialistas da área quando a proposta foi apresentada.

A CUT é uma das entidades que alertou os trabalhadores e trabalhadoras de que a nova lei não vinha para modernizar nada e, sim, para legalizar a exploração do trabalho, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas.

Segundo ele, os resultados dos primeiros meses da Lei de Temer e as constatações feitas pelo juiz do Trabalho comprovam o que a CUT alertou o tempo todo.

“A reforma Trabalhista nunca teve a intenção de modernizar as relações de trabalho. A verdadeira intenção dos golpistas que aprovaram a nova lei era a de que a classe trabalhadora voltasse a trabalhar nas condições escravocratas do século passado, quando não existia CLT”.

As entidades patronais exigiram a reforma e Temer obedeceu porque eles financiaram o golpe e queriam o pagamento rapidamente, diz Vagner.

“Foi uma lei feita às pressas, sem debate com a sociedade, sem seriedade. O resultado é o que está aí, nem os advogados nem juízes entendem o que exatamente determina a lei. Imagine os trabalhadores e as trabalhadoras”. 

MP 808
Apenas três dias depois de aprovada a nova Lei Trabalhista, o governo ilegítimo de Temer encaminhou a Medida Provisória 808, com alterações à recém-aprovada lei e que hoje possui 967 emendas ao texto, um recorde histórico. Esse fato, segundo o juiz Rodrigo Trindade, é o que reforça o que ele chama de “inconsistência e obscuridade” na lei.

“Não me lembro se em algum momento da história da nossa república isso aconteceu antes”, diz o jurista, ao lamentar que a MP 808 não trouxe pontos de esclarecimento. “Pelo contrário, em diversos itens, ela mantém ou aprofunda a dificuldade de aplicação”, concluiu.

Já para o presidente da CUT, as tais inconsistências apontadas pelo juiz do Trabalho são propositais. “Eles precisavam justamente desse cenário de insegurança para poder explorar os trabalhadores e trabalhadoras como não podiam antes, pois as garantias previstas na CLT não permitiam”.

Por isso, segundo Vagner, a CUT levará o debate sobre os prejuízos da nova lei para todos os fóruns, não apenas do Judiciário, mas, sobretudo, para a base de representação da Central, com a criação de comitês de resistência nos locais de trabalho e nos sindicatos CUTistas.

“A CUT enfrentará os prejuízos da nova lei de todas as formas, não apenas na Justiça, mas junto à classe trabalhadora, em especial nos locais de trabalho, onde a representação sindical é o que garante o direito dos trabalhadores”.

Além disso, a CUT ampliará a Campanha pela Anulação da Reforma Trabalhista, com a continuidade da coleta de 1,3 milhão de assinaturas para viabilizar um Projeto de Lei de Iniciativa Popular que propõe a revogação da nova legislação.

“Vamos organizar e mobilizar ainda mais todos os sindicatos para o enfrentamento contra os golpistas em todas as esferas: política, jurídica, legislativa, e, em especial, nas ruas, de onde nunca saímos e não sairemos em 2018”, finalizou o presidente da CUT.

veja também

relacionadas

mais lidas

Pular para o conteúdo