600 sindicalistas da CUT-SP viajam a Brasília (DF) a partir deste final de semana
Trabalhadoras do campo e da cidade iniciam nos próximos dias o embarque rumo à 7ª edição da Marcha das Margaridas, que ocorre em Brasília (DF) em 15 e 16 de agosto, com a expectativa de reunir 100 mil participantes de todo o país.
Pela CUT-SP, está prevista a participação de mais de 600 sindicalistas, das diversas categorias que formam a base da Central, e que levarão às ruas do distrito federal as bandeiras por justiça, autonomia e igualdade de direitos. Para viabilizar a estadia e a viagem, que se inicia já neste final de semana, as companheiras promoveram inúmeras iniciativas nos últimos meses para a arrecadação de dinheiro, como rifas e saraus.
Com o lema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem-Viver”, a nova edição da marcha retorna em meio a um novo momento do país, agora sob o governo democrático e popular de Lula. O presidente, inclusive, é um das presenças aguardadas no evento, junto ao anúncio de ações relativas à pauta das mulheres.
“A última marcha, em 2019, ocorreu num momento sem perspectivas às mulheres, de ataques e retrocessos aos direitos, que se seguiram nos anos seguintes com os desmontes de importantes políticas públicas. Agora é diferente, pois é o momento da retomada de um país solidário e justo, de reconstruir e avançar em políticas fundamentais para o respeito às mulheres”, afirma a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, Márcia Viana.
Coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), e por diversas entidades parceiras, como a CUT, a marcha leva o nome da líder sindical rural Margarida Maria Alves, assassinada há 40 anos a mando de latifundiários e que hoje é um símbolo da luta pela igualdade de direitos para as mulheres. O principal objetivo desse movimento, que reúne mulheres de diferentes setores, é entregar ao governo um documento com as reivindicações das “margaridas”, entre os quais constam o combate à violência à mulher, a proteção das matas com justiça ambiental e climática e a democratização do acesso à terra.
Encontro Estadual
Dentre as atividades de preparação à marcha, a Secretaria de Mulheres da CUT-SP realizou, na última sexta, 4 de agosto, o 10º Encontro Estadual da Mulher Trabalhadora, evento que também discutiu temas como o perfil das mulheres no mundo do trabalho e o fortalecimento feminino no movimento sindical.
Dirigente da pasta, Márcia Viana lembrou, durante a mesa de abertura, se tratar do primeiro encontro presencial pós-pandemia, pontuado, no entanto, que as restrições sanitárias indicadas no início da circulação do coronavírus não impediram a organização da luta. “Os últimos quatro anos foram difíceis para a classe trabalhadora, pois tivemos um governo que exigiu muita luta e resistência nas ruas. E as mulheres souberam demonstrar o poder que possuem, sendo as protagonistas do resultado eleitoral. E devemos mostrar essa força nos congressos da CUT, pois se falamos de um mundo contra as desigualdades, isso deve estar incluído na plataforma da Central, mas não somente no discurso, e, sim, na prática”, disse Márcia, ressaltando a importante conquista de paridade nos cargos de direção da CUT.
Já o presidente da Central no estado, o professor Douglas Izzo, destacou o avanço sobre as investigações das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que tiveram novos envolvidos revelados pela Polícia Federal. “Estamos diante de importantes desdobramentos sobre o caso Marielle, que ficou parado há cinco anos, e que agora, com o novo governo, avançou. Mas ainda é preciso chegar aos mandantes do crime”, comentou o dirigente.
Por outro lado, a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Brasil, Juneia Batista, lembrou da necessidade de reforçar a luta no estado de São Paulo sob o governo Tarcísio de Freitas, que tem atuado para a destruição dos serviços públicos essenciais. “É preciso ficar atento com essa história [privatização] da Sabesp, do governador dizer que teve orgulho da operação policial que ocorreu no Guarujá. São mostras de que não teremos um caminho fácil no próximo período”.
A mesa seguinte contou com as participações de Marilane Teixeira, pesquisadora e economista, e Adriana Marcolino, socióloga e técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). As duas especialistas falaram sobre os novos desafios das mulheres no novo mercado de trabalho, apresentando estudos recentes sobre o perfil socioeconômico, além de abordarem a necessidade de incidência feminina nos sindicatos.
As Mulheres Cantantes, que já é tradição nas atividades cutistas, foram responsáveis pelos momentos lúdicos do encontro, com canções que embalaram as presentes. As integrantes do grupo também estão confirmadas na caravana de São Paulo para Brasília.
Cida Trajano, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Vestuário (CNTRV-CUT) e da Executiva da CUT, fez uma intervenção na atividade para destacar o importante papel das dirigentes à frente das pastas na CUT-SP e na CUT Brasil que, mesmo num período difícil, com a pandemia de covid-19, conseguiram organizar a luta nos sindicatos por meio de diferentes atividades. Rosana Silva, secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, e Rosane Bertotti, secretária de Formação da CUT Brasil, também participaram das mesas.
O Encontro também discutiu a participação das sindicalistas no 16º Congresso Estadual da CUT São Paulo (CECUT), previsto para os dias 25, 26 e 27 de agosto, na Praia Grande (SP). O congresso tem como objetivo tratar sobre a organização sindical, aprofundar as discussões sobre a conjuntura política e eleger a nova direção da CUT no estado para os próximos quatro anos.
Saiba mais informaçãoes da marcha: https://marchadasmargaridas.org.br/