2015 chega ao fim com o desafio da luta incansável em defesa da democracia conquistada pelos brasileiros e contra o ataque inconstitucional do ainda presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que, em 2 de dezembro, acolheu a abertura de um processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff (PT). Foi o momento mais crítico de um ano difícil para a maioria dos brasileiros.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), que tem a defesa intransigente da democracia no seu DNA, condenou de pronto a iniciativa golpista, somando-se à CUT (central sindical à qual é filiado) e a entidades democráticas, sindicais e populares, que não aceitam retrocessos em nosso país. Não há base legal sólida para afastar a presidenta. O que existe é o oportunismo de grupos políticos que, desde a eleição presidencial de 2014, insistem em impedir um governo legitimamente eleito e buscam pretextos para inviabilizá-lo.
Afirmamos isso com a independência de quem foi às ruas desde 13 de março contra o ajuste fiscal concebido pelo ministro Levy, contra as MPs 664 e 665 – que retiraram direitos dos trabalhadores –, e com a autonomia de quem, a todo momento, combateu qualquer medida do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional ou do governo estadual que contrariasse os legítimos interesses ou piorasse as condições de vida e trabalho dos jornalistas ou da classe trabalhadora. Com a independência, também, de quem se opõe à corrupção de forma irredutível e defende a saída de Cunha da presidência da Câmara.
Como sindicalistas, sabemos que o impeachment é articulado por setores conservadores, cujas propostas envolvem o corte de políticas sociais e de serviços públicos, bem como a redução de direitos trabalhistas. Por isso, nos últimos meses, nos concentramos em resistir a essa maré. Fizemos de nossa entidade um local de discussões qualificadas sobre o cenário nacional e de debates sobre o futuro da imprensa, a democratização dos meios de comunicação, a lei do direito de resposta, a situação da Petrobras, entre vários outros.
Atuamos também para que o auditório Vladimir Herzog, em nossa sede, resgatasse sua vocação natural de local de resistência e de organização da mobilização democrática e social, sendo palco de inúmeras reuniões, atos, palestras e coletivas. A Comissão da Verdade do SJSP encerrou a primeira parte dos trabalhos, consolidando dados a respeito de jornalistas vítimas do regime militar, resgatando nossa história e intervindo no presente, ao exigir a apuração dos crimes e a punição dos responsáveis.
Mas o ano de 2015 acabou marcado pela crise política e econômica. A direção do Sindicato – que tomou posse em 15 de abril, teve que realizar novas eleições e acabou empossada definitivamente apenas no final de agosto – enfrentou desde o primeiro dia uma onda de demissões em empresas como Editora Abril, Grupo Estado, Grupo Folha, Terra, RAC (Campinas) e muitas outras. Enfrentamos também, sem descanso, a precarização da profissão. Em muitos casos, obrigamos as empresas a recuarem. Em outros, houve acordos com contrapartidas aos jornalistas. Dois momentos marcantes foram a decisão judicial, em setembro, que obrigou A Tribuna, de Santos, a reintegrar 16 trabalhadores demitidos em julho, e a contratação pelo UOL de 87 frilas, após pressão dos jornalistas e três anos de ação do SJSP.
Já no dia de nossa primeira posse participamos do ato contra o PL 4330, que generalizava a terceirização. Participamos também de muitas manifestações, várias contra o ajuste fiscal em curso, que impõe uma dinâmica recessiva à economia. Neste cenário, nossas campanhas salariais foram muito difíceis, pois as empresas querem descarregar nas costas dos jornalistas o custo dos seus próprios ajustes. Não aceitamos isso! O SJSP empenhou-se para organizar a categoria e estabelecer um diálogo amplo com as redações para favorecer a pressão coletiva sobre os patrões, visando impedir as perdas em nossos salários.
Estamos ainda no início de um trabalho de reorganização geral do SJSP, visando aproximá-lo da categoria, ampliar sua presença nos locais de trabalho e transformá-lo em um instrumento ágil e qualificado para a defesa dos direitos e o combate à precarização. Fechamos estes primeiros meses de mandato com o sentimento de que avançamos muito, e de que, em 2016, as exigências devem ser ainda maiores. Juntos com a categoria, vamos fazer mais e melhor para enfrentar os desafios que temos pela frente. Um feliz 2016 para todas e todos!
Direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP)