Ilmo. sr. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva
Ilmo. sr. Ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Roberto Severo Pimenta
Ilmo. sr. Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira
Ilmo. sr. Assessor-Chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Luiz Nunes Amorim
Ilmo. sr. Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho
Ilmo. sr. Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski
Ilmo. sr. Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida
Nós, abaixo-assinados, estamos hoje reunidos no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo realizando o Ato Contra o Massacre dos Jornalistas na Faixa de Gaza. Nos encontramos no auditório que homenageia o jornalista judeu Vladimir Herzog, assassinado sob tortura pela ditadura militar, em crime bárbaro que até hoje continua impune.
Na data de hoje, 27 de fevereiro de 2024, o Estado de Israel bombardeia implacavelmente a Faixa de Gaza há 144 dias, matando até o momento cerca de 30 mil palestinas e palestinos, incluídas mais de 12 mil crianças. Há dez dias, o presidente Lula, em Adis-Abeba, capital da Etiópia, disse a verdade que o mundo precisava ouvir: “Na Faixa de Gaza, não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio”. Lula tem razão! Vemos diariamente as Forças Armadas mais bem equipadas e treinadas do Oriente Médio atacando crianças e mulheres numa ação explícita de extermínio do povo palestino.
Os jornalistas, no exercício de sua ati- vidade profissional, têm sido alvos específicos da máquina de guerra. A atividade jornalística de simplesmente documentar e reportar fatos mostra-se intolerável para o Estado de Israel. Segundo a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), nestes 144 dias de ataques contra Gaza, mais de 100 jornalistas foram assassinados(as). No Estado de Israel e nos territórios palesti- nos ocupados, há dezenas de jornalistas na prisão, na maior parte dos casos sem qualquer acusação. É uma situação sem precedentes de ataque à atividade jornalística, atestado tanto pela FIJ como pelo Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) e outras organizações de defesa da liber- dade de imprensa. Ao longo da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), pelos dados disponíveis, foram mortos 69 jornalistas.
No Brasil, entidades vinculadas ao Estado de Israel tentam censurar vozes contra o genocídio em curso, como se vê nos ataques ao jornalista Breno Altman, diretor do site noticioso Opera Mundi. É o caso também das ameaças à vida do jornalista Andrew Fishman, editor do site noticioso Intercept Brasil. Ambos merecem solidariedade, apoio e defesa das entidades democráti- cas e das que representam os jornalistas.
Nós, jornalistas e entidades do jornalismo brasileiro, nos manifestamos pelo cessar-fogo imediato na Palestina e pelo fim do bloqueio à Faixa de Gaza. Apoiamos a decisão do governo brasileiro de convocar ao Brasil o embaixador brasileiro em Telaviv, Frederico Meyer. Repudiamos os ataques do governo israelense ao Brasil e ao presidente Lula, cujas declarações foram não só corretas, como imprescindíveis.
O Estado de Israel é estruturado por um complexo industrial-militar conectado aos interesses dos Estados Unidos e da União Europeia no Oriente Médio. O Estado brasileiro destina volumosos re- cursos financeiros para acordos militares de cooperação das Forças Armadas, modernização de equipamentos bélicos e aquisição de insumos de guerra e segurança pública, incluindo treinamento e capacitação da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e polícias estaduais. Os métodos israelenses de repressão a protestos populares ensinados nas academias policiais no Brasil, bem como seus respectivos equipamentos, colaboram para que jornalistas sejam alvos de violência policial quando realizam seu trabalho na cobertura de manifestações. Conclamamos o governo brasileiro a aderir à Campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel e, assim, romper todos os acordos e convênios com a indústria militar e as instituições israelenses.
A situação exige que o Brasil rompa relações diplomáticas com o Estado de Israel até o cessar-fogo definitivo na Palestina.
É necessário barrar o genocídio imediatamente!
Primeiros signatários:
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)
Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal)