Os jornalistas do segmento de rádio e TV rejeitaram amplamente a proposta patronal e decidiram unificar a luta por reajuste salarial digno com os profissionais do Distrito Federal e do Município do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada em assembleia realizada nesta quinta-feira, dia 11 de agosto, na qual participaram mais de 120 profissionais.
Na próxima semana, jornalistas do estado de SP, do município do Rio de Janeiro e do Distrito Federal deverão realizar assembleia conjunta para aprovarem a unificação das lutas e uma nova proposta de reajuste.
Após quatro meses sem apresentar nenhuma contraproposta, as empresas ofereceram 7% de reajuste para todos os salários a partir de 1º de setembro e abono de 57% a ser pago até a folha de setembro para os profissionais de São Paulo.
Para os jornalistas, a proposta é desrespeitosa. Além de demorar quatro meses para ser feita, a oferta é pior que a anterior, com redução do índice de reajuste para as cláusulas econômicas.
Durante a assembleia, a categoria redigiu uma carta na qual reafirma a importância dos profissionais para a democracia, especialmente no dia em que o tema pautou a imprensa com a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito. (leia a carta-aberta aprovada pela categoria ao final da matéria)
Situação em outras bases
Os jornalistas do Distrito Federal têm data-base em abril de 2022 e rejeitaram, no dia 5 de agosto, a proposta patronal com índice de reajuste pouco maior que a metade do índice da inflação acumulada no período (11,73%). A categoria realizou ainda uma paralisação de duas horas no dia 11 de agosto.
No DF, a categoria reivindica reajuste pela inflação (11,73%) no piso salarial; 10% para salários de até R$ 10 mil; 8% para salários maiores que R$ 10 mil e abono de 28% como compensação do retroativo salarial. A proposta é de que o reajuste seja parcelado, sendo o primeiro pagamento no mês seguinte à assinatura do acordo.
Já no município do Rio de Janeiro, a categoria negocia com a data-base de fevereiro de 2022 e pleito pelo reajuste pela inflação do período de 10,60%. Em junho, o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio levou manifestações para a porta das empresas nas mesmas datas que o SJSP, atuando de forma conjunta nas duras campanhas salariais.
No Rio, o patronal também apresentou propostas longe de repor a inflação do período e da reivindicação da categoria em uma campanha que expressa poucos avanços a cada rodada de negociação.
Leia a carta-aberta dos jornalistas em rádio e TV de São Paulo, aprovada na assembleia de 11 de agosto
Sem Jornalistas, Não Há Democracia: carta-aberta dos jornalistas de Rádio e TV de São Paulo ao Sertesp
Nesta quinta-feira, 11 de agosto, estivemos reunidos em assembleia que contou com a presença de mais de 120 jornalistas do segmento de Rádio e TV no estado de São Paulo. A data para a realização desta assembleia não foi das mais fáceis: desde as primeiras horas do dia, estivemos na cobertura dos atos pela democracia nas diferentes cidades paulistas. Ainda assim, conseguimos arranjar tempo e forças para participar de uma assembleia e debater sobre nossos salários e direitos.
De maneira correta, as empresas afirmam que sem jornalismo, não há democracia. Mas é necessário lembrar a produção do jornalismo depende fundamentalmente de nossa categoria, de jornalistas. Reafirmamos nosso papel essencial durante a da pandemia e, neste momento, estamos trabalhando de maneira incessante para preparar a cobertura das Eleições Gerais e outros grandes eventos neste segundo semestre.
É por isso que, de maneira coletiva, repudiamos a proposta patronal apresentada ao sindicato da categoria no último dia 5 de agosto. Rejeitamos tal proposta por ampla maioria em assembleia e consideramos desrespeitosa a postura das empresas, que demoraram meses para oferecer uma nova proposta e ainda pioraram efetivamente algumas de suas ofertas, como no caso da redução do índice de reajuste para as cláusulas econômicas.
Como jornalistas, sabemos bem da conjuntura econômica e de como a inflação é danosa para todo o país. Mas temos plena consciência que as empresas de comunicação têm maior capacidade para suportar esse momento do que a nossa categoria, que depende de salários para sobreviver. Sem uma correção minimamente justa de nossos vencimentos, será impossível exercer nossa profissão com dignidade. Temos o direito de manter as condições materiais provenientes de nosso trabalho, que dá sustento às nossas famílias.
Neste sentido, nos solidarizamos com as e os jornalistas do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, que também estão lutando por salários e dignidade. Diante dos obstáculos impostos pelas empresas nesta negociação, só nos resta unificar esforços que vão além de nossas fronteiras estaduais, porque entendemos que a luta é uma só.
Continuamos dispostos a dialogar e negociar propostas que efetivamente atendam parte de nossas reivindicações, mas entendemos que isso só será possível com uma significativa melhora da proposta patronal.
Jornalistas de Rádio e TV do estado de São Paulo