A Comissão de Cidadania e Direito Humanos (CCDH) da Assembleia Legislativa vai acompanhar o caso das ameaças que o jornalista Roberto Carlos Dias, diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS), vem sofrendo em Caxias do Sul, onde reside e trabalha, em decorrência de opiniões divulgadas em sua conta pessoal no Facebook. Nesta quarta-feira (18) pela manhã, ele fez as denúncias durante a reunião ordinária do órgão legislativo, presidido pelo deputado Jeferson Fernandes (PT).
Acompanhado pelo presidente do SINDJORS, Milton Simas Junior, e por outros integrantes da diretoria da entidade, Dias relatou as ameaças e intimidações de que é alvo desde que publicou comentário na rede social com críticas ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL/RJ). A postagem alertava que “não adianta lamentar a morte de uma criança estuprada e defender o Bolsonaro, réu em dois processos por apologia ao estupro.”
Segundo o profissional, o comentário gerou uma onda de agressões e intimidações no Facebook e em grupos de whatsapp, cujo teor ficou cada vez mais violento. “Vamos arrebentar este lixo. Vamos atirar com bala de sal para que o ferimento nunca cure. Vamos pegá-lo na rua” foram algumas das ameaças relatadas aos deputados.
Ele contou ainda que foi intimidado por um taxista num restaurante em Caxias do Sul. Elas só teriam cessado porque o proprietário do restaurante pediu que o agressor se retirasse. “Vivo um exílio doméstico. Vou da casa para o trabalho e do trabalho para casa. Não posso mais circular livremente, pois não sei até que ponto essas pessoas podem ir. Os comentários fortes que fazem mostram que não têm limites. As ameaças à minha integridade moral e física e moral acabaram com a minha vida social. Já fui aconselhado a me mudar de cidade”, desabafou Roberto.
No dia 7 de maio, o deputado Pedro Ruas (PSOL) irá a Caxias do Sul para conversar com o titular da Delegacia de Polícia onde o boletim de ocorrência foi registrado. Os deputados deverão procurar também o Ministério Público Estadual para que o órgão acompanhe as investigações. “Não estamos diante de um grupo de bate-papo nas redes sociais, mas de uma rede que se organiza para ameaçar, intimidar e violar direitos. É preciso tornar estas pessoas visíveis, pois a experiência mostra que são valentes nas redes. Na frente do juiz a conversa muda”, afirmou a deputada Manuela d’Ávila (PCdo B), que defendeu o encaminhamento do caso para a Delegacia Especializada em Crimes Virtuais. A parlamentar destacou que grupos de whatsapp que ameaçam de agressão e de atentado à vida “são quadrilhas, organizações criminosas que devem ser combatidas pela polícia”.
Participaram da reunião, além de Fernandes, Manuela e Ruas, os deputados Miriam Marroni (PT), Missionário Volnei (PR), Bombeiro Bianchini (PR), Luís Augusto Lara (PTB) e Valdeci Oliveira (PT).