Diante dos atrasos recorrentes, profissionais discutem a realização de protestos e greve
Com cerca de um mês de atraso nos salários, os jornalistas da Editora Três realizaram assembleia na última sexta-feira (31) para discutir a questão com apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP).
Como os atrasos têm sido recorrentes na empresa que, entre outras revistas, publica a IstoÉ, os jornalistas também debateram a possível realização de protestos, mobilizações e greve nas redações.
A situação enfrentada na editora é de aprofundamento da precarização do trabalho porque a maioria da redação é de profissionais Pessoa Jurídica (PJ).
No final do ano passado, para piorar a situação, a empresa anunciou que, a partir de 2017, não há mais correção salarial dos PJs pelo índice definido em Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), nem o pagamento de 13º e, ainda, que serão apenas dez salários por ano para parte dos jornalistas, correspondentes às dez edições das revistas Menu, Motor Show e Planeta.
Além do desrespeito e desvalorização dos trabalhadores e trabalhadoras, a Três afastou arbitrariamente, em janeiro último, o repórter Alan Rodrigues, diretor SJSP que esta há 23 anos na empresa, numa clara prática antissindical. Na Justiça do Trabalho, o Sindicato segue lutando pela reintegração do jornalista.
Histórico
A Editora Três iniciou uma pejotização em massa nas redações há cerca de uma década. Inicialmente, a empresa mantinha contratos prevendo 13º, férias remuneradas anualmente, reajuste salarial e outras conquistas previstas na CCT de jornais e revistas da capital.
Para a diretoria do SJSP, o posicionamento foi sempre o de dialogar com a categoria alertando para os graves prejuízos da pejotização e o abuso foi denunciado ao Ministério do Trabalho, pois a empresa tem menos de dez profissionais contratados regulamente e já chegou a ter quase cem PJs nas redações.
Em dezembro de 2015, a editora anunciou que o pagamento do 13º seria parcelado e adiado para o ano seguinte. Na época, o SJSP não teve como defender os PJs porque, legalmente, não eram empregados da empresa, mas o Sindicato realizou assembleias, organizou os trabalhadores e pressionou a editora. Somente depois da mobilização e diante do risco de greve é que a empresa negociou um acordo, mas, ainda assim, os pagamentos foram feitos fora do prazo prometido.
O fim 13º salário para 2017 é a imposição de mais uma medida da editora para precarização total do trabalho, criticam os dirigentes do Sindicato.
“A única alternativa é lutar pela reversão completa da precarização. É o que se conclui a partir do balanço dessa trajetória amarga”, afirma Paulo Zocchi, presidente do SJSP.
Escrito por: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP)