Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Logo da Federação Internacional de Jornalistas
Logo da Central Única dos Trabalhadores
Logo da Federação Nacional de Jornalistas

Desrespeito aos direitos humanos não pode abrigar-se na liberdade de imprensa

Desrespeito aos direitos humanos não pode abrigar-se na liberdade de imprensa


fenaj_186x44

 

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) torna público seu veemente repúdio à produção e exibição, no programa “Brasil Urgente”, da TV Band Bahia, de entrevista que expõe à humilhação um jovem negro detido pela polícia, acusado de assalto e estupro. Programas policialescos, irresponsáveis e sensacionalistas não podem ser tolerados pela sociedade por se travestirem de produções jornalísticas. Na verdade, estes programas ferem os princípios e a ética do Jornalismo e configuram abuso das liberdades de expressão e de imprensa, por violarem os direitos constitucionais da cidadania.
A entrevista “Chororô na Delegacia: acusado de estupro alega inocência”, veiculada no programa “Brasil Urgente”, foi feita por Mirella Cunha, que não é jornalista profissional, na 12ª Delegacia de Itapoã. As atitudes da entrevistadora, que em nada segue a técnica e a ética jornalísticas, deixam evidente a intenção de constranger e humilhar o jovem detido. Diante da sua alegação de inocência da acusação de estupro e de sua disposição de submeter-se a exame pericial para comprová-lo, a entrevistadora debocha do jovem por ele não saber o nome do exame que poderia ser feito para compravar sua inocência e dá gargalhadas.
A entrevista ganhou repercussão nacional pelo YouTube, onde foi postada sob o título “Acusado de estupro quer fazer exame de próstata”. A Band, diante da repercussão negativa na rede mundial de computadores, divulgou nota em que anuncia que “a postura da repórter fere o código de ética do jornalismo da emissora”. Informações extraoficiais dão conta de que ela foi demitida. 
A FENAJ defende, quando couber, a aplicação de medidas disciplinares aos profissionais do Jornalismo. Entretanto, a Federação dos Jornalistas alerta a sociedade brasileira para a necessidade de responsabilização das empresas da mídia, que definem os formatos de seus programas e os impõem aos profissionais e ao público. 
Infelizmente, o caso em voga, registrado na Bahia, não se esgota em si. Práticas semelhantes ocorrem cotidianamente na produção pseudojornalística da grande imprensa – principalmente em programas popularescos de cobertura policial transmitidos em rádios e TVs –, ferindo a dignidade humana.
Diante de tamanho desrespeito aos direitos humanos e transgressão aos princípios do Jornalismo e à ética jornalística, cometidos não só pelos profissionais que se sujeitam a tais práticas, como também pelas empresas que as promovem e pelos agentes do Estado que cometem abuso de poder, a FENAJ reivindica do governo da Bahia a apuração dos fatos e das responsabilidades, no âmbito dos órgãos de segurança pública, e do Conselho Estadual de Comunicação medidas para coibir práticas semelhantes, acionando, no que couber, o Ministério Público Estadual e os poderes constituídos. 

Brasília, 23 de maio de 2012

veja também

relacionadas

mais lidas

Pular para o conteúdo