Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Logo da Federação Internacional de Jornalistas
Logo da Central Única dos Trabalhadores
Logo da Federação Nacional de Jornalistas

Como Israel-EUA e seus aliados planejaram o destino macabro dos palestinos, por Amyra El Khalili

*Por Amyra El Khalili

O estrategista israelense Ronny Ben-Yishai, em abril de 2023, publicou um artigo sobre as emendas legais de Israel. No texto, ele argumenta que é crucial que o público compreenda o significado do golpe legal e esteja ciente do “Plano de Decisão” divulgado no Hashiluh Journal em setembro de 2017.

Essencialmente, no “plano de resolução” do ministro Bezalel Smotrich, os palestinos teriam a opção de escolher entre três alternativas:

1. optar por permanecer na Cisjordânia e viver em enclaves sob o domínio e soberania israelense, abrangendo áreas como Hebron, Belém, Ramallah, Nablus e Jenin. Os palestinos, embora não obtenham a cidadania israelense, teriam autorização de residência (similar ao estatuto legal dos habitantes de Jerusalém), sob a condição de não manifestarem resistência e cooperarem;

2. os palestinos que optarem por não viver sob o domínio israelense poderão emigrar voluntariamente, e Israel promoverá essa opção por meio de incentivos financeiros;

3. A terceira alternativa proposta por Smotrich tem como objetivo abordar de maneira abrangente os palestinos que não concordariam com nenhuma das duas opções mencionadas anteriormente: uma instrução inequívoca ao exército para eliminar aqueles que devem ser mortos, recolher armas e extinguir todas as manifestações de resistência.

Ben-Yishai argumenta que a chave para a compreensão do parágrafo anterior está na frase “dar uma instrução inequívoca”, indicando que o governo instruirá os militares a usar força excessiva sem restrições.

Durante seu discurso na 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2023, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu apresentou um novo mapa que apaga a Palestina, reafirmando sua intenção declarada na ONU de implementar o “Plano de Decisão” denunciado pelo estrategista Ronny Ben-Yishai em abril de 2023.

Em resposta às agressões e ameaças amplamente divulgadas na imprensa israelense, o Movimento Islâmico Hamas emitiu um comunicado em 11 de setembro de 2023, deixando claro, sem rodeios, que, diante de qualquer nova invasão dos locais sagrados islâmicos, cristãos e de Jerusalém por colonos armados escoltados e protegidos pelo exército israelense, juntamente com outras formas de violência e agressões, a resistência responderia com os meios à sua disposição, legítimos em seu direito à autodefesa.

No dia 13 de outubro de 2023, após o ‘contra-ataque’ da resistência palestina em 07 de outubro, em resposta aos planos declarados e anunciados na imprensa israelense, juntamente com outras agressões sistêmicas de Israel para implementar a anexação de Gaza e Cisjordânia, conforme mencionado no ‘Plano de Decisão’, uma fonte da Embaixada da Rússia, nos alertou:

“O Secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, realizou extensos contatos com funcionários, líderes de inteligência e líderes árabes nas últimas horas, em uma tentativa árdua de convencê-los a acolher os residentes de Gaza antes que o exército israelense, à espreita lá fora, arrasasse a região, nas próprias palavras de Blinken. Os detalhes do plano americano incluem a transferência de um milhão de cidadãos da Faixa de Gaza para o Egito. O restante da população seria distribuída entre Arábia Saudita, Catar, Jordânia e Emirados, com a Arábia Saudita responsável pelo assentamento de meio milhão de palestinos e os outros países encarregados dos demais assentamentos.

“Até o momento, o projeto americano enfrenta a rejeição de todos esses países, incluindo o Qatar, cujas autoridades se ofereceram para acolher um máximo de 500 palestinos. Blinken ameaçou responsabilizar os líderes árabes pelas perdas humanas esperadas entre os palestinos, caso a intransigência persista e o plano seja rejeitado. Esta ameaça se concretizaria caso Israel demolisse edifícios de Gaza com seus residentes, o que poderia causar uma guerra abrangente na região.

“Israel se recusa a discutir qualquer outra proposta como alternativa à evacuação completa de Gaza daqueles que lá vivem. O país aguarda que Blinken convença os líderes árabes do seu plano ou inicie uma ação militar abrangente, que consiste literalmente em reduzir Gaza a escombros. Notícias que circulam nos corredores dos serviços de inteligência israelenses indicam que os líderes árabes têm até o próximo sábado para responder à proposta israelense. Se a recusa persistir, Israel planeja iniciar movimentos militares no domingo. Também há rumores nos corredores dos serviços de inteligência israelenses de que os reféns israelenses atualmente sob o domínio do Hamas podem, na verdade, ser considerados entre as perdas. Infelizmente, este é o plano, e o que está por vir é ainda pior!”

Em 20 de outubro de 2023, o Presidente Biden submeteu uma solicitação de financiamento ao Congresso Americano, buscando apoio financeiro tanto para a Ucrânia quanto para Israel. No que diz respeito aos detalhes do financiamento destinado a Israel, destacam-se os 3,5 bilhões de dólares alocados para fins humanitários. Dentre esses detalhes, um item específico abordava a assistência às pessoas deslocadas de Gaza que procurariam refúgio no Egito. É importante notar que o plano para o deslocamento da população de Gaza foi antecipado e meticulosamente preparado, contando com o acordo de diversas nações, incluindo Israel, Estados Unidos, países europeus, Canadá e nações árabes, conforme alertado pela fonte da Embaixada da Rússia.

Estes eventos, amplamente divulgados na imprensa israelense e na mídia árabe, foram negligenciados pela imprensa ocidental, especialmente na mídia brasileira. Nessa narrativa, a propaganda sionista prevalece, retratando o Hamas como um ‘grupo terrorista’ responsável por um ataque fatal contra civis inocentes, alegando ódio aos judeus, antissemitismo, e justificando por extensão a eliminação da população de Gaza sob a alegação de representar o Hamas e constituir uma ameaça à segurança de Israel.

Esse não foi o primeiro massacre de Israel, desde 1948, alegando seu “suposto” direito à defesa, quando na realidade é Israel quem sempre atacou, invadiu, colonizou e agrediu com crueldade e sadismo o povo palestino à revelia das determinações do direito internacional.

Porém a decisão e escolha de todo povo palestino para as três alternativas propostas pelo Governo Netanyahu conduzida por seus ministros, Bezalel Smotrich e Itamar Bem Gvir, não foi aceitar a paz dos túmulos e nem a covardia da capitulação – como muitos traidores concordaram inúmeras vezes, desde os Acordos de Oslo.

A escolha do povo palestino – entre fugir ou morrer – foi a de enfrentar o algoz com a cabeça erguida e dignidade, expondo ao vivo e a cores (rubro do sangue palestino) para o mundo o que estava velado e proibido pelos muros do apartheid, com a cumplicidade da comunidade internacional e da grande imprensa, mesmo que isso representasse, mais uma vez com tantos massacres, outra impiedosa sentença de morte!

Israel-EUA e seus aliados imorais estavam desde sempre decididos a praticar esse genocídio a que estamos assistindo, filmando e testemunhando, que indiscutivelmente aconteceria, mais cedo ou mais tarde – segundo fontes da inteligência iraniana, aconteceria em novembro – com ou sem a ação do Hamas.

Essa, a mídia corporativa, é a que se presta ao papel de serviçais da propaganda sionista, como analisa a jornalista Caitlin Johnstone sobre os resultados dos sentimentos de antissemitismo que toda essa carnificina está produzindo:

“Se tal coisa acontecesse, não seria culpa dos judeus – muitos dos quais estão entre as pessoas mais bondosas e íntegras da terra –, seria culpa dos governos e meios de comunicação que abriram o caminho para tal resultado. Qualquer estrutura de poder que criasse ou alimentasse uma tal dinâmica seria imperdoavelmente depravada e precisaria de ser parada para o bem da humanidade. ”

Referências bibliográficas
BEN-YISHAI, Ronny. “Como eles pensam sobre o destino dos palestinos?” Capturado em 16/02/2024. Publicado em 01/04/2023. https://abrir.link/tPEpS
EL KHALILI, Amyra. “Coisas que a mídia sionista não diz sobre o Hamas.” Capturado em 16/02/2024, publicado em 31/10/2023. Pravda, RU.  https://abrir.link/RaE
________________. “Gaza e o genocídio programado para o controle geopolítico no Oriente Médio”. Capturado em 16/02/2024, publicado em 24/10/2023. Correio da Cidadania. https://abrir.link/VnTgO
JOHNSTONE, Caitlin. “The perfect recipe for a Real antisemitism crisis.” Capturado em 16/02/2024, publicado em 16/02/2023.  https://abrir.link/qHTPL
“Nova Declaração do Hamas.” Capturado em 16/02/2024. Publicado em 11/09/2023.  https://abrir.link/VtJcs
 “Alerta da Embaixada da Rússia. Gaza no chão: o pior está por vir!” Capturado em 16/02/2024. Publicado em 13 de Outubro de 2023. https://abrir.link/pAlwO

Edição de Texto: Alexandre Rocha

* Amyra El Khalili é beduína palestino-brasileira da linhagem de Saladino e do Sheik Mohamed El Khalili. É professora de economia socioambiental, editora das redes Movimento Mulheres pela P@Z!, e Aliança RECOs – Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras. É autora dos e-books “Commodities ambientais em missão de paz” e “A construção coletiva de um projeto de vidas – novo modelo econômico para a América Latina e o Caribe”, Heresis Sustentabilidade.

veja também

relacionadas

mais lidas

Pular para o conteúdo