Por pressão do enviado especial do presidente eleito Donald Trump, Steve Witkoff, que participou das negociações de paz como parte da delegação dos EUA, o governo israelense de extrema-direita decidiu firmar um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e troca de prisioneiros com o Hamas e a Jihad Islâmica, principais grupos armados da resistência palestina à ocupação. As conversações foram mediadas pelo Qatar e pelo Egito. O acordo deverá entrar em vigor no próximo dia 19 de janeiro. As fases do acordo de cessar-fogo, segundo o jornal israelense Haaretz, são as seguintes:
• 33 reféns israelenses, inclusive mulheres, crianças, doentes e homens com mais de 55 anos, serão gradualmente libertados ao longo de 42 dias
• O Exército de Israel permitirá que a população de Gaza atravesse da parte sul da Faixa para o norte durante a primeira fase do cessar-fogo
• No dia 16 do acordo, terão início as negociações para a implementação da segunda fase, que incluirá a libertação de mais 65 reféns israelenses
• À medida que o acordo avança, o Exército de Israel irá retirar-se para uma zona tampão dentro da Faixa de Gaza, instalando-se entre a população da Faixa de Gaza e os assentamentos fronteiriços israelitas.
Até o momento, diz o Haaretz, o número de prisioneiros palestinos que serão libertados por Israel como decorrência do acordo não é conhecido. Inicialmente, falava-se na libertação de 1.000 prisioneiros.
Durante meses, em sucessivas ocasiões, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sabotou as negociações de cessar-fogo com o Hamas. O governo Biden participou das negociações ao lado do Qatar e do Egito, mas se recusou a pressionar efetivamente Israel para que firmasse a paz, por exemplo deixando de fornecer armas e munições ou tomando outras medidas que obrigassem Netanyahu a transigir. Os EUA são o principal aliado e apoiador de Israel.
O resultado é que foram assassinados por Israel, desde 7 de outubro de 2023, em retaliação ao ataque realizado pelo Hamas na fronteira de Gaza naquela data, pelo menos 46 mil palestinas e palestinos, e feridos outros(as) 109 mil, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. No entanto, estudo recente da revista Lancet indica que o número de vítimas fatais palestinas está subestimado em 41% e portanto ultrapassa 60 mil.
Enquanto não entra em vigor o acordo, Israel continua a cometer genocídio e a assassinar dezenas de civis palestinos diariamente, inclusive em áreas supostamente “seguras”. Relatório da BBC revela que a área de Gaza que o Exército de Israel recomendou como refúgio para civis palestinos em busca de “segurança” foi atingida por 97 ataques israelenses desde maio de 2024.