O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) vem a público para repudiar a demissão de jornalistas provocada pela empresa North Star Network. De origem francesa, a companhia chegou ao Brasil no início de 2023, com a promessa de montar uma redação sediada em São Paulo que contaria com diferentes sites de cobertura esportiva, como o Superesportes e a Trivela.
Ao menos 25 jornalistas foram contratados, seja CLT ou PJ, com a promessa de que fariam parte de um grande projeto do jornalismo esportivo, que incluía a nacionalização da cobertura realizada pelo Superesportes (que pertencia ao Estado de Minas) e profissionalização de outros sites do grupo. Muitos desses jornalistas saíram de seus antigos empregos, e alguns tiveram de se mudar de suas cidades para iniciar o novo trabalho em São Paulo.
Na última semana de julho, entretanto, os profissionais foram surpreendidos com uma demissão coletiva. Dez jornalistas foram cortados e o restante da redação tem futuro incerto: a empresa acabou com os vínculos CLT e estabeleceu contratos PJ, o que se constitui em uma fraude trabalhista.
De acordo com os jornalistas demitidos, eles passaram de um a dois meses trabalhando sem carteira assinada. A North Star Network afirmava que estava regularizando sua situação no Brasil e iria contratá-los em regime CLT. De fato, houve a contratação, mas os salários prometidos não correspondiam à realidade: segundo a empresa, o motivo para o rebaixamento salarial corresponderia à existência do 13º salário e da jornada de trabalho diferenciada dos jornalistas, que não têm semelhança na legislação francesa.
Durante todo o período como CLT, os profissionais trabalharam sem plano de saúde. Houve promessas de que o plano seria contratado, o que nunca aconteceu de fato. Havia, também, uma promessa de bônus trimestral — o valor não foi pago integralmente para alguns funcionários, sem qualquer tipo de justificativa.
No início de julho, a empresa propôs um aditivo contratual que transformaria o valor do adicional noturno em minutos no banco de horas. Não houve, no entanto, uma reunião para especificar quais seriam os motivos para isso nem qualquer tentativa de acordo.
O descumprimento das promessas logo se agravou pouco depois, quando a North Star Network parou de publicar notícias no site Superesportes. Na ocasião, foi prometido que, mesmo com o fim do site, não haveria cortes. As demissões, porém, vieram 20 dias depois.
O futuro dos profissionais que ainda não foram demitidos pela empresa francesa segue incerto.
O Departamento Jurídico do SJSP já está em contato com os profissionais demitidos, para que seja reconhecido o vínculo empregatício desde o momento em que os profissionais iniciaram o trabalho na North Star Network. A entidade sindical exige também a abertura imediata de negociações com a empresa, para que essa demissão em caráter coletivo seja discutida.
O SJSP manifesta solidariedade a todos os jornalistas da North Star Network e permanece à disposição para realizar ações conjuntas em defesa dos direitos e contra qualquer tipo de demissão.