Enquanto jornalistas que trabalham em jornais e revistas da capital encerraram, nesta quarta-feira (14), a campanha salarial 2022-2023, as empresas de jornais e revistas do interior, litoral e Grande SP sequer apresentaram contraproposta à pauta de reivindicações da categoria e nem marcaram a primeira rodada de negociação.
Com data-base na mesma data (1º de junho), as campanhas do mesmo segmento seguiram de forma bastante distinta.
Com isso, os pisos salariais da categoria em jornais e revistas no interior, litoral e Grande SP são de R$ 2.929,04 (jornada de 5 horas) e R$ 4.319,33 (jornada de 7 horas) desde setembro de 2021, representando uma perda do poder aquisitivo da categoria frente à alta inflacionária. Pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o custo da cesta básica em São Paulo, de agosto deste ano em comparação ao mesmo mês em 2021, subiu 15,26%, por exemplo.
A essa perda de poder aquisitivo, soma-se a instituição de diversas práticas lesivas à categoria como a ilegal pejotização das redações; as múltiplas funções a qual a categoria é submetida em jornais e revistas do interior, litoral e Grande SP; a substituição de profissionais experientes por novos, com menor remuneração, e a exploração de estagiários para compensar a falta de contingente.
Enquanto os jornais acham suas saídas para a crise demitindo e explorando jornalistas em portais de internet, as e os jornalistas do segmento têm só sua força de trabalho e dependem de salário digno para pagar suas contas!
Além disso, o SindJori não aceitou estender as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) anterior apesar de o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) ter reivindicado a extensão da validade das cláusulas reiteradas vezes. Com isso, jornalistas do segmento estão sem o guarda-chuva da convenção porque o patronal se sustenta numa das perversidades da Reforma Trabalhista, que é o fim da ultratividade – mecanismo que mantinha vigente as cláusulas da convenção coletiva durante as negociações em uma nova campanha salarial. Mas que negociação? Onde?
É um abuso que o início das negociações tenha sido protelado desde abril.
QUEREMOS NEGOCIAÇÃO JÁ!
Patronal fala de andamento das negociações ao MPT
O SJSP cobrou, à exaustão, o agendamento de reunião com o SindJori para o início das negociações e, diante dos sistemáticos adiamentos, solicitou intermediação ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
O MPT aceitou interceder, orientando o SindJori a agendar, em prazo determinado, uma mesa de negociação. No entanto, o sindicato patronal não aceitou a intermediação e, sendo esta viável somente quando há adesão de todas as partes, o MPT arquivou o pedido.
Para surpresa do SJSP, o SindJori alegou que as negociações entre as partes para assinatura de instrumento coletivo já estão em andamento. Diante disso, o SJSP se dirigiu ao patronal reivindicando imediata reunião de negociação. No entanto, o sindicato patronal continua alegando que as negociações só terão início após as empresas associadas entregarem “sugestões de pauta e análise da convenção coletiva antes vigente”.
O que fazer?
O Sindicato dos Jornalistas reforça que a situação é difícil, por isso, defende que não há outra saída senão reagir, com muita união e organização coletiva. A categoria tem dado provas de resistência, com paralisações e assembleias cheias nas campanhas de rádio e tv e de jornais e revistas da capital e o SJSP conclama que os profissionais do interior, litoral e Grande São Paulo inspirem-se nos colegas.
Nos próximos dias, as regionais farão ações para pressionar pelo início das negociações. O SJSP organizará reuniões remotas nas redações para esclarecer dúvidas e avançar na campanha salarial.
Com todas as dificuldades, agir coletivamente, junto ao sindicato, é fundamental. Não haja sozinha(o)! Informe o sindicato sobre qualquer atitude da empresa.
Pauta de reivindicações
A pauta de reivindicações, aprovada em assembleia da categoria, é de reajuste pela inflação (11,90%, pelo INPC), mais 3% de aumento real para as cláusulas econômicas.
Já para os vales alimentação (VA) e refeição (VR), o objetivo é cobrir a defasagem. Para o VA, a categoria reivindica reajuste pela inflação mais 10% de aumento real e, no VR, o pleito é o mesmo sob o valor de R$ 20, que é maior que o atual praticado pelas empresas. Para a PLR, a luta é por um salário nominal reajustado.